Uma média de US$ 2,5 trilhões, ou 1,8% dos ativos financeiros do mundo estarão sujeitos aos riscos das mudanças climáticas se até 2100 o aumento da temperatura média da superfície global alcançar 2,5° C acima do nível pré-industrial, de acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Grantham sobre Mudanças do Climas e do Ambiente na London School of Economics and Political Science and Vivid Economics publicado hoje (4 de abril de 2016) na revista “Nature Climate Change”.
Esse número, no entanto, pode ser maior. Os autores – Simon Dietz, Alex Bowen, Charlie Dixon e Philip Gradwell – descobriram que incertezas na estimativa do ‘Valor em Risco pelo clima” significam que há 1% de chance de que o aquecimento de 2,5° C em 2100 venha a ameaçar US$ 24 trilhões, ou 16,9% dos ativos financeiros globais. Os autores ressaltam que essas somas são maiores do que os US$ 5 trilhões estimados para a capitalização total do mercado de ações das empresas de combustíveis fósseis hoje.
Segundo os autores, limitar o aquecimento a 2° C em 2100 reduziria significativamente o ‘Valor em Risco pelo clima”. Nesse caso, o valor médio dos ativos financeiros globais em risco seria de US$ 1,7 trilhão, com 1% chance de que US$ 13,2 trilhões estejam em risco.
O coordenador desse estudo, o professor Simon Dietz, disse: “Nossos resultados podem surpreender os investidores, mas não será surpresa para muitos economistas que se debruçaram sobre os efeitos das alterações climáticas. Ao longo dos últimos anos, os modelos econômicos vêm gerando estimativas cada vez mais pessimistas sobre os impactos do aquecimento global sobre o crescimento economico futuro. Mas também descobrimos que cortar os gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global a não mais do que 2° C reduz substancialmente o valor em risco pelo clima, nomeadamente o risco da cauda de grandes perdas. ”
Os autores descobriram que mesmo quando se levam em conta os custos da redução nas emissões de gases de estufa para limitar o aquecimento a 2° C, o valor médio dos ativos financeiros globais seria de US$ 315 bilhões, ou 0,2 pontos percentuais maior do que se o aquecimento de 2,5 ° C em 2100 ocorrer por conta do caminho do ‘business as usual’ nas emissões globais.
De acordo com o Professor Dietz, “Mesmo quando levamos em conta o impacto financeiro dos esforços para reduzir as emissões, ainda percebemos que o valor esperado dos ativos financeiros é maior em um mundo que limita o aquecimento a 2° C. Isto significa que os investidores que não se importam com riscos optariam pela redução das emissões e os investidores avessos ao risco estriam ainda mais ansiosos para fazê-lo”.
Ele acrescentou: “Nossa pesquisa ilustra os riscos da mudança climática para os retornos de investimento a longo prazo e mostra por que esta deveria ser uma questão importante para todos os investidores de longo prazo, como fundos de pensão, bem como reguladores financeiros preocupados com o potencial para correções nos preços de ativos devido a uma consciência dos riscos climáticos.”
O Professor Dietz também chamou a atenção para as incertezas na estimativa do valor em risco pelo clima: “Embora sejamos os primeiros a produzir uma estimativa completa do Valor em Risco pelo clima usando um modelo econômico, é importante lembrar que existem enormes incertezas e dificuldades em realizar a modelagem econômica das mudanças climáticas, de modo que esta deve ser vista como a primeira palavra sobre o assunto, não a última.”
Para mais informações, marcar uma entrevista com os autores ou para obter uma cópia em papel do estudo ”Valor de ativos financeiros globais em risco climático”, entre em contato com Bob Ward em +44 (0) 7811 320346 ou reward@lse.ac.uk
NOTAS PARA OS EDITORES
1. O Instituto de Pesquisa Grantham sobre Mudança do Clima e do Ambiente (http://www.lse.ac.uk/grantham