O capitão e um oficial de um navio mercante chinês que encalhou na Austrália, junto à Grande Barreira de Corais, e provocou um significativo vazamento, foram detidos e indiciados, anunciou a polícia australiana.

“Dois homens foram detidos pela polícia federal, o capitão e o oficial vigia do navio, por terem provocado danos no Parque Marinho da Grande Barreira de Corais”, anunciou uma fonte policial.

O navio “Shen Neng 1”, que transportava 65.000 toneladas de carvão e 975 toneladas de combustível, encalhou no dia 3 de abril em um banco de areia da costa do Estado de Queensland.

O acidente provocou a ruptura de um tanque de combustível e o início de um vazamento. Ele derramou ao menos quatro toneladas de combustível pesado, deixando um rastro de três quilômetros de comprimento e 250 metros de largura.

Ele foi rebocado para um atracadouro próximo à ilha turística Great Keppel, a 70 quilômetros do lolcal do acidente, nesta segunda-feira (12).

O acidente afeta a Grande Barreira de Corais, área turística protegida e o maior atol de coral no mundo, com mais de 2.000 quilômetros.

Os proprietários do veículo de carga podem ser multados em até US$ 920.000, havia afirmado o governo de Queensland.

Ilhas protegidas

O combustível derramado pelo navio cargueiro chinês também já alcançou ilhas protegidas como reservas de vida selvagem, informaram nesta terça-feira (13) autoridades australianas.

Uma mancha apareceu a um quilômetro da ilha North West, uma reserva de aves e de desova de tartarugas marinhas, disse o ministro do Meio Ambiente australiano, Peter Garrett, pela rádio “ABC”.

Garrett explicou que o governo enviou especialistas à ilha para começar os trabalhos de limpeza e que verificarão se outras ilhas próximas não estão afetadas pelo combustível.

A ilha North West fica a menos de 20 quilômetros do local onde o navio chinês encalhou. O dano causado pelo acidente marítimo parece pior do que o calculado por especialistas na ocasião do acidente.

Uma análise do fundo do mar onde o navio encalhou revelou que a pintura do casco do navio continua danificando os corais da área protegida.

Os cientistas consideram que será necessário esperar semanas para saber com exatidão os danos sofridos pela barreira de coral e sua riqueza marinha. Segundo um estudo preliminar, os restos de pintura se estendem por uma área de um quilômetro de comprimento.

A polícia investiga se houve negligência do capitão do navio e quem assumirá os custos da limpeza e do salvamento.

O governo da Austrália disse que o navio chinês jamais deveria ter entrado na área restrita da Grande Barreira, que fica a 30 quilômetros de distância da rota marítima mais próxima.

FSP