O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou a aprovação de uma cooperação regional para colaborar com instituições públicas e privadas em análises e estudos para o desenvolvimento de uma indústria de bioquerosene para aviação, utilizando diferentes matérias primas locais. Esta iniciativa financiará serviços de consultoria, geração de conhecimento, material de divulgação e seminários sobre uso e produção sustentável de bioquerosene para demonstrar sua viabilidade no setor de aviação da ALC, e para potencial exportação.
Uma primeira atividade esperada a receber apoio desta iniciativa é a aplicação de normas de sustentabilidade e o desempenho em termos de emissões de gases de efeito estufa ao longo do ciclo de vida do uso e produção de bioquerosene, a partir de uma ou mais matérias primas (cana de açúcar, pinhão manso, dendê, entre outros a serem definidos). Serão feitas análises comparativas considerando dois conhecidos critérios de sustentabilidade: o da Iniciativa da Cana de Açúcar Melhorada (BSI) e o da Mesa Redonda de Biocombustíveis Sustentáveis (RSB), assim como o do próprio BID (veja: www.iadb.org/biofuelsscorecard para mais informação).
Esta iniciativa é um resultado de ações do BID ao longo dos 2 últimos anos acompanhando protagonistas desta industria, atualmente liderando o tema de combustíveis alternativos para aviação a nível mundial, tais como a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI/ICAO), a Iniciativa de Combustíveis Alternativos para a Aviação Comercial (CAAFI), o Foro Econômico Mundial (FEM/WEF), empresas aéreas individuais, fabricantes de aeronaves e provedores de tecnologia de biocombustíveis. Estas instituições e empresas vêm trabalhando conjuntamente em regulamentos e metas de redução de emissão de carbono para a indústria do transporte aéreo, onde se considera que até o ano 2050 mais da metade do querosene de aviação possa ser substituída por fontes alternativas ao petróleo.
Uma das opções para as empresas aéreas atender as metas de redução de emissões de carbono é comprar créditos de carbono; outra opção seria desenvolver combustíveis alternativos que ajudem a alcançar os requerimentos de redução de emissões, e simultaneamente, façam esta indústria ser mais competitiva através da redução da volatilidade dos preços dos combustíveis. A substituição de combustíveis neste setor é muito mais limitada devido as características técnicas deste modo de transporte e por esta razão é necessário procurar explorar e desenvolver tecnologias para produzir substitutos viáveis aos combustíveis tradicionais do setor de aviação.
Este desenvolvimento proporciona a região da ALC uma oportunidade de assumir um papel líder no fornecimento de um produto competitivo de alto valor agregado – assim como já tem sido o caso do etanol e o biodiesel – que contribua para o desenvolvimento econômico local e com a criação de número significativo de empregos de qualidade. A matéria prima contribui com uma parcela majoritária no custo de produção dos combustíveis alternativos e se estima que tais custos sejam significativamente inferiores para a ALC em comparação com outras regiões, especialmente as principais consumidoras de querosene de aviação.
“Este novo mercado para biocombustíveis apresenta excelentes perspectivas devido ao forte componente ambiental associado as pressões contra as mudanças climáticas a nível mundial, e por contar com o apoio e motivação de praticamente todos os protagonistas do mercado de querosene de aviação, fato não comumente notado nos mercados de etanol e biodiesel”, indica Arnaldo Vieira de Carvalho, Líder da equipe de projeto do BID que desenvolve esta iniciativa. Por outro lado, “Se espera encontrar menos obstáculos técnicos e de mercado para os biocombustíveis para aviação devido a característica drop-in que a indústria da aviação adotou, que intrinsecamente não requere adaptações nos motores ou nos sistemas de armazenamento e distribuição dos combustíveis”, agrega Laura Natalia Rojas, co-líder da equipe de projeto no BID.
Empresas aéreas da ALC já realizaram vôos demonstrativos e de testes com bioquerosene em 2010 (no Brasil) e em 2011 (no México) e vários outros estão programados para 2012, utilizando diferentes matérias primas, como pinhão manso, algas e cana de açúcar.
Para financiar esta iniciativa o BID utilizará recursos de doação do seu Fundo Iniciativa de Energia Sustentável e Mudança Climática – SECCI. Os primeiros países a beneficiarem-se desta iniciativa deverão ser aqueles que já realizam atividades sobre bioquerosene sustentável, tais como Brasil, México e Colômbia.
fonte: BID