O ex-primeiro ministro britânico Tony Blair (1997-2007) defendeu que a sua relação com o magnata da mídia Rupert Murdoch era “de trabalho” e negou que tenha atuado a favor do empresário, cujos jornais apoiaram sua campanha ao governo.

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Blair explicou que escolheu “lidar”, e não entrar em confronto com os poderosos da mídia durante o governo

 

“Nós decidimos mais vezes contra do que a favor [dos negócios de Murdoch]”, disse Blair em depoimento ao Inquérito Leveson sobre mídia, criado no ano passado na esteira do escândalo de gravações telefônicas ilegais feitas por veículos do empresário.

O ex-primeiro ministro disse que a sua relação mais íntima com Murdoch -ele é padrinho de umas das filhas do magnata- só começou quando ele deixou o cargo.

Conhecido pela utilização dos “spin doctors”, ou especialistas na manipulação favorável de notícias e informações, Blair explicou que escolheu “lidar”, e não entrar em confronto com os poderosos da mídia durante o governo.

“Eu tomei a decisão estratégica de lidar, e não confrontar. Mas o poder [dos barões da mídia] é irrefutável.”

Se tivesse optado pelo embate, defendeu, não teria feito reformas como a da saúde ou educação. “Teria sido uma enorme batalha sem garantia de vitória.”

Blair opinou que a relação entre políticos e meios de comunicação “não é saudável”.

Antes de eleito, o trabalhista foi criticado por viajar à Austrália natal de Murdoch, para uma conferência, em 1995. Depois, o “Sun”, jornal do empresário historicamente alinhado aos conservadores, apoiou sua campanha.

Protesto

A sessão foi interrompida por um manifestante que invadiu o tribunal e chamou Blair, que apoiou a invasão do Iraque pelos EUA em 2003, de “criminoso de guerra”. Os jornais de Murdoch apoiaram a decisão do governo britânico, impopular no país.