Estão na lista supermercados, indústrias de alimentos e de roupas. Eles não comprarão gado criado em áreas recentemente abertas no PA.

Pelo menos 35 empresas já confirmaram ao Ministério Público Federal que deixarão de comprar gado ou derivados que tenham como origem os pastos recém-desmatados no Pará. Elas foram alertadas pelos promotores paraenses e concordaram em cortar fornecedores que não tenham como comprovar a origem de seus produtos.

A lista das empresas que confirmaram o boicote foi publicada pelo MPF nesta sexta-feira (19). Entre elas estão Vicunha Têxtil, Vulcabrás, Ypê e Sadia. Na semana passada, as redes de supermercados Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar já haviam anunciado corte na compra de produtos advindos de desmatamento.

Em entrevista exclusiva concedida ao Globo Amazônia,  o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, elogiou a iniciativa das empresas. “A pecuária hoje é o maior agente de desmatamento da Amazônia e quero dizer aos que representam este setor que entrem na linha ou vão se dar mal”, disse ele na última quinta-feira (18).

Fazendas embargadas
Segundo o MPF, 21 fazendas embargadas pelo Ibama têm rebanhos de gado no Pará. Elas vendem para 13 frigoríficos e curtumes da região. Todos estão sendo processados. “A partir do momento que o frigorífico compra gado de um lugar que é embargado, o frigorífico é responsável solidário por aquele dano ambiental”, disse o procurador da Daniel Cesar Avelino, um dos autores da ação, quando anunciou as medidas do MPF.

A ONG ambientalista Greenpeace fez um levantamento paralelo da cadeia da carne e do couro em estados amazônicos e concluiu que a produção da região abastece também o mercado externo.

Boicote compulsivo
O corte nos fornecedores não é apenas uma indicação do Ministério Público. Quem não decretar o boicote corre o risco de também ser acionado judicialmente. “Foram reunidas provas suficientes da responsabilidade dos frigoríficos no desmatamento e quem não atender a recomendação e continuar comprando deles será processado como responsável solidário pela derrubada ilegal cometida em terras paraenses”, afirma Avelino em nota publicada pelo MPF.

No total, o órgão enviou a recomendação a 69 empresas, das quais 39 já responderam. Quatro delas pediram mais prazos para tomar providências. Outras quatro disseram que já exigem selos de inspeção federal e notas fiscais ao comprarem produtos dos 13 frigoríficos paraenses processados pelo MPF. Segundo os promotores, novas advertências serão enviadas a essas empresas, pois eles entendem que esses documentos não garantem que o gado não veio de áreas recentemente desmatadas.

Veja, abaixo, a lista das empresas que aderiram ao boicote:

Asa Ind e Com
Atacadão
Barra Carnes
BBA*
Bompreço
Bonanza Supermercados
Bramil Supermercados
Carrefour
Centro Sul
Comcarne*
Del Monte
Dilly Nordeste
FC Oliveira
Frangos Cearense
Gelita do Brasil
Líder
Lopesco
Makarú Ind e Comércio
Makro*
Mateus Supermercados
Mauricea Alimentos
Nutron
Pão de Açúcar
Raymundo da Fonte
Roldão
Sadia
Santos
Seara*
Solabia
Vicunha
Vicunha Têxtil
Vulcabrás
Wal-Mart
WMS
Ypê

* Empresas que, segundo o MPF, anunciaram que já exigiam dos frigoríficos documentos comprovando a origem da carne.

Do Globo Amazônia, em São Paulo