Brasileiros que adquiriram imóveis como segunda residência na Flórida a partir de 2009 agora decidem vender suas propriedades.
Se naquela época o dólar rondava R$ 1,80 e os valores de casas e apartamentos nos EUA estavam devastados pela crise, hoje o o cenário é outro, com a moeda acima de R$ 3,15 e os preços do mercado imobiliário americano em patamares mais elevados.
Vendedores relatam motivos diversos: da dificuldade de pagar as prestações em dólar mais alto à necessidade de obter algum recurso em tempos de recessão no Brasil.
Há também quem tenha visto no câmbio atual a oportunidade de realizar ganhos sobre o investimento feito no passado e aqueles que vêem o fim da valorização das casas americanas.
“Cerca de 40% dos proprietários do condomínio onde comprei uma casa em Orlando em 2011 são brasileiros. Muitos estão reclamando do câmbio, que deixou o financiamento pesado. Vender se tornou interessante”, diz a empresária Ana Gonçalves.
Ela explica que a renda que obtém alugando a casa para turistas brasileiros que visitam a Disney na temporada – e que ajudava no pagamento do crédito – encolheu após a crise brasileira.
Em 2009, com o dólar a R$1,80, o administrador Gustavo comprou em Miami uma das casas que estavam sendo resgatadas por bancos e agências de crédito imobiliário por falta de pagamento.
“A partir de 2012, o preço subiu. Em 2014, alcançou patamares do pré-crise de 2008. Quando em janeiro de 2016, o dólar atingiu R$4,15 pensei que era hora de vender. Os imóveis nos EUA atingiram o equilíbrio e há sinais de estagnação pipocando”, diz Gustavo, que pediu para não divulgar seu sobrenome.
No primeiro semestre, pela primeira vez em cinco anos, os preços de revenda na região central de Miami caíram 4%, segundo dados da Miami’s Downtown Development Authority, agência de promoção local. Segundo a entidade, a queda acompanha um aumento do volume de imóveis disponíveis.
Fernando Bargallo, diretor da FB Capital, empresa especializada em transparência de recursos, diz que atuou em 1.356 transações imobiliárias de brasileiros nos EUA entre 2011 e 2016. Até 2015, a FB só havia realizado operações de compra de bens. “A partir de 2015, passei a observar vendas. Foram 115 operações.”
“O movimento de venda entre brasileiros realmente não era frequente. Mas recentemente vimos a entrada desse perfil”, diz Edna Batini, da imobiliária Vitoria Realty.
Fonte: Folha de S. Paulo