A Cesp (Companhia Energética de São Paulo) foi multada em R$ 1,5 milhão pela Polícia Ambiental de Mato Grosso do Sul em razão da mortandade de peixes no rio Paraná provocada pelo fechamento das comportas da usina de Jupiá, na divisa com São Paulo, durante o apagão da última terça-feira (10).

A brusca diminuição da vazão do rio na parte que se segue à represa da usina matou, por falta de oxigênio, em torno de uma tonelada de peixes piapara, tucunaré e traíra, segundo o comandante da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul, major Carlos Matoso.

Para o major, o dano foi agravado por tratar-se de período de reprodução dos peixes. “É época de piracema, em que se dá uma trégua na pesca para permitir a sustentabilidade”.

As mortes só seriam evitadas, diz Matoso, caso o sangradouro (usado para liberar o excesso de água da represa) tivesse sido aberto no mesmo instante em que as comportas se fecharam, garantindo assim vazão suficiente para oxigenar os peixes.

A Cesp pode contestar a multa junto à Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, que julgará o caso na esfera administrativa. A mortandade também pode ter desdobramentos no Ministério Público, que deve cobrar compensações, e na Polícia Civil, caso haja indícios de crime ambiental.

A Cesp disse, por meio de nota, que a “perturbação ocorrida no Sistema Interligado Nacional levou ao desligamento” das turbinas da usina de Jupiá e que suas equipes “tomaram medidas imediatas no sentido de recompor a vazão abaixo da barragem, abrindo o vertedouro para manter a vazão adequada, o que evitou uma mortandade maior de peixes”.

A companhia também informou que ainda “não recebeu notificação de multa” e que, entre a interrupção da vazão e o seu restabelecimento, o rio perdeu 1,84 metro em seu nível.

Falta de água

Em Pernambuco, uma pane elétrica deixou na semana passada cerca de 500 mil pessoas sem água na região metropolitana de Recife. O corte de energia atingiu uma estação de tratamento e impediu que o abastecimento, que já estava suspenso desde terça-feira devido a obras, fosse retomado.

Folha de São Paulo