FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
O Brasil novamente não obteve o respaldo chinês a vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Em um comunicado conjunto durante a visita da presidente Dilma Rousseff ao país, Pequim limitou-se a apoiar “a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas”.
Trata-se de posição semelhante à adotada há cerca de um ano, quando o dirigente máximo da China, Hu Jintao, visitou o Brasil. No comunicado assinado com o então presidente Lula, falou-se em “compreensão e apoio” a papel maior do Brasil na ONU.
A China, um dos cinco membros permanentes do CS, mantém o discurso de que a reforma da ONU tem de ser mais ampla e consensual.
Na prática, trabalha contra as candidaturas de Japão e Índia, países com quem mantém disputas históricas e que são aliados do Brasil no G4 –grupo que inclui a Alemanha e busca ascender no CS.
Sobre direitos humanos, o item 23 do comunicado disse que os dois países “fortalecerão consultas bilaterais” e “promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas”, mas sem elaborar.
O tema voltou a ser tratado no item 25: fala-se em “promover o desenvolvimento, a democracia, os direitos humanos e a justiça social”.
“Eu queria dizer, encerrando, que nós tivemos a mesma manifestação sobre direitos humanos que tivemos com os EUA”, afirmou Dilma, em rápida entrevista coletiva ontem à noite.
“Todos os países têm problemas de direitos humanos. Nós temos problemas de direitos humanos, todos têm. A nossa posição sobre direitos humanos, nessa questão, está expressa na nota conjunta”, disse a presidente.
Dilma terminou a entrevista em seguida, recusando-se a responder a uma pergunta daFolha sobre o assunto.
Orientada pelo Itamaraty, a presidente não fez até agora declarações sobre a atual onda de repressão chinesa contra dissidentes políticos.
A ofensiva, lançada em meados de fevereiro, reflete o temor do governo de que as manifestações pró-democracia no mundo árabe inspirem atos parecidos na China.
O caso mais recente foi no dia 3, quando o reputado artista Ai Weiwei foi preso no aeroporto de Pequim ao embarcar para Hong Kong. Três dias depois, ele foi acusado de crimes econômicos.
A prisão tem provocado vários protestos.
ECONOMIA DE MERCADO
A China voltou a cobrar a ratificação de que o país é economia de mercado, como assinado pelo então presidente Lula num memorando de entendimento, em 2004.
“A parte brasileira reafirmou o compromisso de tratar de forma expedita a questão do reconhecimento da China como economia de mercado”, diz o comunicado.
O reconhecimento da China como economia de mercado sofre forte resistência do setor empresarial brasileiro, que acusa os chineses de concorrência desleal em vários produtos.
Fonte: Folha.com