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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou nesta terça-feira que a decisão do Japão de elevar ao nível máximo a gravidade do acidente nuclear na usina de Fukushima Daiichi não significa que a crise é comparável ao desastre de Tchernobil, em 1986.

“Esse é um acidente totalmente diferente”, Denis Flory, funcionário da agência nuclear da ONU, em entrevista coletiva. Ele informou que a quantidade de radiação que vazou de Tchernobil era muito maior.

O próprio governo japonês ressaltou, ao elevar a gravidade do desastre de 5 para 7 na escala INES, mesma do desastre de Tchernobil, que o volume de emissões radioativas equivalem a cerca de 10% do registrado na usina da Ucrânia.

Mulher procura por seus bens em um centro de ajuda às vítimas do terremoto e tsunami no norte do Japão

Mulher procura por seus bens em um centro de ajuda às vítimas do terremoto e tsunami no norte do Japão

Flory disse ainda que, apesar da situação ser “muito séria”, há sinais de recuperação em algumas funções como a restauração da energia elétrica e a instrumentação da usina de Fukushima Daiichi.

Ele defendeu ainda a decisão do Japão de aumentar a gravidade apenas um mês após o terremoto e tsunami do dia 11 de março, que devastou o nordeste do país e danificou o sistema de resfriamento de parte dos reatores da usina. Segundo Flory, isso não significa que o Japão está diminuindo a gravidade do acidente nuclear.

Flory ressaltou que as medidas como retirada de moradores dos arredores, os alertas de radiação, as tentativas de conter vazamentos na usina e outras formas de resposta à crise refletem o reconhecimento do governo japonês, desde o princípio, da importância do acidente nuclear.

“O fato deles terem colocado um novo número não muda a avaliação que eles tinham da seriedade do acidente”, disse Flory aos repórteres em Viena. “Eles não esperaram a mudança na escala para adotar todas as medidas”.

De acordo com informações divulgadas pelo governo japonês, a mudança de decisão foi baseada na constatação da quantidade de radiação que vazou dos reatores da usina nuclear de Fukushima no momento do acidente.

Dados apontam que cerca de 10 mil terabecquerels de radiação vazaram ao meio ambiente por hora durante diversas horas em meio ao auge do desastre, no dia 11 de março. Dias depois, o nível do vazamento caiu para 1 terabecquerel por hora.

Um terabecquerel equivale a um trilhão de becquerels, a medida usada no setor.

Flory afirmou que apenas agora o Japão pode avaliar de maneira correta a quantidade de radiação liberada em Fukushima. Ele desconversou, contudo, quando questionado se seria possível que a radiação, no fim das contas, ultrapassasse os índices vistos em Tchernobil.

TCHERNOBIL

O acidente da usina nuclear de Tchernobil, norte da Ucrânia, em 1986, é considerado o pior da história. A explosão foi de nível 7, o topo da classificação da Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos.

A usina de Tchernobil, construída pela antiga União Soviética na década de 1970, explodiu durante um teste de segurança.

A explosão de um reator liberou uma grande quantidade de material radioativo no solo e na atmosfera. Ao menos 50 pessoas morreram imediatamente, e houve aproximadamente 4.000 casos de câncer provocados pela radiação.

As autoridades soviéticas tentaram “abafar” o estrago, o que aumentou a contaminação. O acidente fez com que o mundo passasse a questionar o uso da energia nuclear.

Fonte: Folha.com