O genoma de uma erva de regiões temperadas, prima de uma planta utilizada para a produção de bioetanol, foi sequenciado, o que pode colaborar para as pesquisas sobre cereais como o trigo, a aveia e o centeio, revelou um estudo publicado na quarta-feira (10).

A Brachypodium distachyon, erva selvagem originária das regiões mediterrâneas e do Oriente Médio, “tem pouca importância para a agricultura e não tem grande valor econômico”.

Mas o sequenciamento de seu genoma torna possível obter informações sobre plantas “muito importantes para a alimentação mundial”, apontou a Universidade do Estado de Oregon (OSU), nos Estados Unidos, em um comunicado.

Segundo a análise comparada dos genomas, o arroz, o sorgo e a Brachypodium possuem 13.580 genes comuns, conservados ao longo da evolução.

Estes genes ancestrais, cuja função é conhecida, poderiam ser compartilhados por uma planta prima da Brachypodium, a switchgrass (Panicum virgatum, uma gramínea), que pode ser usada na produção de etanol.

Modificações genéticas podem, desta maneira acelerar seu crescimento e fazer com que a celulose seja mais facilmente diluível no álcool.

Os resultados desse vasto programa de sequenciamento, do qual participaram dezenas de laboratórios americanos, europeus, chineses e sul-coreanos, foram publicados na revista científica “Nature”.

Os genomas do milho, do arroz e do sorgo já haviam sido decifrados. A Brachypodium pertence a outra subfamília de gramíneas, a dos Pooideae (que inclui mais de 3.000 espécies, entre elas o trigo e o centeio).

Muitas destas plantas apresentam um genoma enorme (17 bilhões de bases para o trigo, cinco vezes mais que o genoma humano), enquanto o da Brachypodium é bastante compacto (272 milhões de pares de bases), o que facilitou seu sequenciamento.

“São plantas de fácil cultivo, fáceis de manipular geneticamente, fáceis de estudar e que apresentam um curto ciclo de vida”, explicou em um comunicado Todd Mockler, um dos pesquisadores que coordenou o sequenciamento.

Os dados genéticos obtidos pelo sequenciamento da Brachypodium tornarão possível “melhorar plantas de grande valor agrícola, como o trigo”, indicou por sua vez James Carrington, da OSU.

“Assim, poderemos aumentar nosso conhecimento para tentar melhorar a produção de bioetanol”, disse Jérôme Salse, do Instituto Francês de Pesquisa Agrônoma (INRA).

Folha de São Paulo