Entre 2009 e 2010, um total de 75 fazendeiros desobedeceu o acordo sobre a Moratória da Soja, que foi renovado por mais um ano nesta quinta-feira (8) em São Paulo e prevê o comprometimento de empresas do setor a não comprarem a commodity que tenha origem em áreas desmatadas desde 2006 na Amazônia.
O número é mais de 6 vezes superior ao total de fazendeiros que quebrou o acordo entre 2008 e 2009, segundo dados apresentados pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Neste período, 12 áreas na Amazônia voltaram a ser desmatadas para o cultivo de Soja, sendo que 11 delas continuaram a produzir mesmo depois de serem excluídas do sistema.
Por meio da Moratória da Soja, o produtor garante ao comprador que não planta em áreas desmatadas. “O acordo qualifica a imagem do Brasil, principalmente entre compradores da Europa”, diz Carlo Lovatelli, presidente da Abiove. De acordo com a associação, empresas que assinaram a moratória representam mais de 90% do mercado de soja no Brasil.
Os produtores que desobedecem o acordo e voltam a desmatar conseguem se manter porque existem outros compradores. Segundo Lovatelli, uma parte do que esses fazendeiros produzem acaba encontrando mercado dentro do Brasil, geralmente com vendas menores, e outra parte parte segue para o exterior, principalmente para a China.
“Isso ocorre porque a China, cada vez mais, quer garantir o suprimento do produto no país em que estiver. Se possível, eles querem até plantar”, explica Lovatelli.
A associação já desenvolve planos para incorporar novamente os fazendeiros que são afastados do acordo, mas alguns deles chegam a ficar “frustrados”, segundo Lovatelli. “Tem gente que alega que não sabia que o acordo estava implementado para valer”, diz ele.
Outros fazendeiros ficam irritados e chegam a ameaçar a associação. “Um deles veio pessoalmente a São Paulo e disse: ‘tem gente que morre por um palito de fósforo, imagine por uma plantação de soja'”, conta o engenheiro florestal da Abiove, Bernardo Pires.
Globo Amazônia