Bob Geldof, que virá para o fórum do SWU, diz que a música pode mudar o mundo

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

A proposta do Fórum Global de Sustentabilidade, dentro do festival SWU, é trazer gente que conte o que já fez para tentar mudar o mundo.
O anúncio da vinda de Bob Geldof para o evento, que acontece em Paulínia (SP) no mês de novembro, atende a esse princípio. Geldof não deve cantar durante o SWU. A música ficou para segundo plano há tempos e ele virou cidadão do mundo desde 1985, quando criou um concerto de rock transmitido para 150 países, o Live Aid, que levantou fundos para famintos da Etiópia.
Desde então ele atua na causa do continente, entre elogios e críticas. Parte do dinheiro do Live Aid foi para ONGs etíopes controladas pela junta militar Derg, que dominava o país e matou cerca de 100 mil pessoas, além de ter deixado 3 milhões em campos de miseráveis.
À época, críticos acusaram o Live Aid de ter aprofundando o conflito que pretendia sanar. Em 2010, a BBC fez pedido formal de desculpas a Geldof, dizendo que “não há evidências de que o dinheiro tenha financiado compra de armas” na Etiópia. A utilização dos recursos arrecadados passou a ser foco das ações de Geldof.
“A questão não é só descobrir se o dinheiro está chegando, mas sim fazer com que ele seja utilizado em políticas mais eficazes”, diz. Geldof falou à Folha por telefone, de Londres. Para ele, a música continua uma grande força de mobilização.
“Penso que o rock é sempre uma expressão de muitas frustrações. E frustração clama por mudanças. Na maneira como vejo o rock and roll, acho que na essência ele carrega essa urgência por transformações”, afirma.
À espera de uma plateia de garotos no SWU, Geldof analisa a atuação política jovem desde o Live Aid. “A natureza do ativismo mudou. Existem mídias diferentes que você pode usar, há maneiras muito rápidas de transmitir sua mensagem. Então não faz mais sentido se reunir só para protestar”, diz.
“O protesto nos anos 60 queria chacoalhar as pessoas e teve bastante sucesso. Mas a demanda hoje é guiada por coisas a serem feitas. É preciso um plano de ação, não apenas fazer barulho”, afirma Geldof. Aos 59 anos, ele continua barulhento.

fonte: Folha de SP