Crescimento de 2014 para 2015 foi de 3,5%
Marcelo Leite
As emissões nacionais de gases do efeito estufa aumentaram 3,5% em 2015, em comparação com o ano anterior, na contramão da evolução do PIB, que escolheu 3,8%. O desmatamento foi o maior responsável pelo retrocesso, que afasta o Brasil da rota prevista no Acordo de Paris.
Os dados foram divulgados nesta quarta (26) pelo Sistema de Estimativa de Emissão de Gases do Efeito Estufa (http://seeg.eco.br), da rede de ONGs Observatório do Clima.
A perda da floresta amazônica no ano passado subiu 25%, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Incluindo na conta os outros biomas brasileiros (caatinga, pampas, cerrado, mata atlântica e Pantanal), o crescimento de emissões por desmatamento foi de 12%.
A chamada mudança do uso da terra, no jargão da mudança climática, é a principal fonte de gases do efeito estufa, como o CO2 (dióxido de carbono), que aprisionam radiação solar na atmosfera e com isso a aquecem.
“O acordo do clima entra em vigor daqui a 11 dias. Tirá-lo do papel exige mudar drasticamente o rumo do nosso desenvolvimento, mas não é o que estamos vendo acontecer”, afirma Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
A poluição gerada pelo segundo maior gerador de emissões, energia, por outro lado, decresceu 5,3%, mais portanto que o encolhimento do PIB. Foi a primeira vez desde 2009 que as emissões de energia caíram.
Isso ocorreu porque a demanda por eletricidade e combustíveis se desacelerou com a crise econômica, em especial na indústria, e também porque aumentou a participação de fontes renováveis na matriz energética.
Na moldura do Acordo de Paris, o governo se comprometeu a reduzir as emissões em 37% até 2025 (tomando os níveis de 2005 como referência) e em 43% até 2030. O resultado de 2015, no entanto, mantém o país numa trajetória de aumento.

Fonte:  Jornal FOLHA DE S.PAULO (publicação de quinta-feira, 27 de outubro de 2016, página B9)