Avaliação do mercado foi de frustração com as medidas cambiais do governo; investidores continuam a apostar na queda da moeda americana

Dólar encerra semana no menor valor desde 4 de agosto de 2008 (Hamera Technologies)

Dólar encerra semana no menor valor desde 4 de agosto de 2008 (Hamera Technologies)

O dólar comercial encerrou o pregão desta sexta-feira em baixa de 0,76%, a 1,574 real no mercado interbancário de câmbio – o menor valor desde 4 de agosto de 2008, quando ficou em 1,563 real. Na semana, acumulou perdas de 2,36%; no mês, uma desvalorização de 3,44%; e, no ano, de 5,41%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar negociado à vista caiu 0,66%, para 1,5745 real.

A cotação da moeda americana recuou com força nesta sexta-feira, ampliando as perdas já apuradas numa semana em que o governo adotou duas medidas de política cambial; o país recebeu da Fitch uma nota mais alta para o seu rating soberano (classificação de risco de crédito); e o Banco Central realizou dez leilões de compra de dólar no mercado à vista e uma operação de compra a termo.

Na segunda-feira à noite, o governo anunciou a exigência de câmbio simultâneo para operações de renovação, repactuação e assunção (quando alguém assume a dívida de outro) de empréstimos externos. O objetivo era reforçar a medida que, em 29 de março, havia elevadopara 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em empréstimos externos de até um ano. Nesta quarta-feira, o Ministério da Fazenda estendeu o IOF de 6% para os empréstimos externos com prazos de até 720 dias.

Contudo, os fluxos positivos ao país continuaram e o dólar enfraqueceu-se no exterior. Bancos e investidores aumentaram suas apostas na desvalorização da divisa norte-americana ante o real. Por fim, o mercado considerou fracas as medidas cambiais anunciadas porque não têm potencial para reverter a tendência de baixa do dólar.

Nesta sexta-feira, o fluxo cambial foi pequeno, o que se refletiu na redução do volume de negócios.

No mercado internacional, o dólar voltou a perder força em meio à possibilidade de paralisação do governo dos Estados Unidos. A administração de Barack Obama tem até a meia-noite desta sexta-feira para aprovar o orçamento para o ano fiscal de 2011, mas, por enquanto, republicanos e democratas do Congresso ainda não chegaram a um acordo. Se o orçamento não for aprovado, o setor público norte-americano vai parar por falta de recursos. A paralisação, caso aconteça, será a primeira em mais de quinze anos. Adicionalmente, oaumento dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE), nesta quinta-feira, deu estímulo à demanda dos investidores por euros.

(com Reuters)


Fonte: VEJA