Programa vai alertar alunos das redes pública e particular sobre os riscos da nova droga

 

A descoberta da droga oxi em São Paulo fez a Polícia Militar turbinar a grade de ensino do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), aplicado a escolas públicas e particulares. Em agosto, alunos com idade entre 10 e 12 anos serão alertados em sala de aula sobre os riscos da nova substância e também aprenderão a reconhecê-la. Além dessa novidade, foram incluídas lições sobre narguilé e até bullying.

Antes, a cartilha com deveres e os ensinamentos dos instrutores se restringia a temas como álcool, cocaína, maconha e cigarro. Segundo o major José Eduardo Bexiga, responsável pelo Proerd de São Paulo, houve uma necessidade de se adequar o material a questões mais atuais, já que a droga oxi tem avançado, principalmente na região central de São Paulo.

“A ideia é trabalhar na prevenção primária. O Proerd entra como uma vacina. É a prevenção antes de a criança ter o contato com a droga. Esse é o segredo”, explica Bexiga.

A faixa etária do público-alvo não é escolhida de forma aleatória. “Escolhe-se essa idade porque crianças de 10 a 12 anos estão, estatisticamente, na faixa daquelas que menos tiveram contato com drogas. Depois, é preciso partir para a recuperação.”

Preocupação
Os novos temas de aulas foram aprovados pelo Conselho Nacional de Comandantes Gerais e aguardam um sinal positivo dos Estados Unidos, país de origem do projeto, que atua como parceiro. No caso do narguilé, a PM acredita que muitos jovens têm tido acesso e isso pode ser preocupante. O bullying escolar também tem sido uma situação recorrente.

De acordo com Bexiga, pelo menos por enquanto, não há informações do oxi nos entornos das escolas. “Infelizmente, temos notícias de escolas com crack”, diz. Mas já existem registros de apreensões na cidade (leia mais abaixo). Entre alunos, nada de fotos e imagens das drogas. A PM incentiva atitudes positivas, como estimular esportes da preferência de cada um.

Outra vertente do projeto é falar somente dos malefícios da droga, onde ela ataca, que tipos de doença traz e ainda reforçar seu poder de destruição – como o oxi, que segundo especialistas tem ação mais destrutiva do que o crack, por causa dos componentes que leva.

De acordo com o major Bexiga, em nenhuma hipótese o instrutor mostra como a droga é usada. “É falado em linhas gerais. Está na TV, a criança está sendo informada de todos os campos.”

Enquanto o trabalho ocorre nas classes, do lado de fora o combate à venda de drogas e outros entorpecentes é feito pela ronda escolar. Segundo o capitão Emerson Massera, porta-voz da corporação, a ronda conta atualmente com 252 viaturas e 1.008 homens. Cada carro deve patrulhar oito escolas – públicas e particulares, quando necessário – por dia e os policiais assinam um livro de presença. A mesma instituição pode ser visitada mais de uma vez por dia.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, Benjamin Ribeiro da Silva, avalia a medida como positiva. “Acredito que o trabalho será bem feito. Muitas drogas têm surgido e, no caso do bullying, também apoiamos porque é bem recorrente nas escolas.”

Já para o presidente da Associação Brasileira de Álcool e outras Drogas (Abed), Carlos Salgado, é preciso cautela. Ele acredita que os pais e professores é que deveriam passar essas prevenções, e não o PM. “Com essas ressalvas, valem todos os esforços”, afirma. A PM explica que há alguns meses os pais dos alunos também têm participado das aulas do Proerd nas escolas.

 

Fonte: ESTADÃO