A Rio Oil & Gas, grandioso evento que ocorreu entre os dias 15 e 18 de setembro, deixou um recado importante e necessário para o momento atual: precisa-se de gente para trabalhar. Em meio a um constante desemprego, a notícia surge como oportunidade para profissionais do setor de petróleo e gás, no entanto, o problema que vem a tona é justamente a falta destes profissionais.

De acordo com avaliação de executivos, no encontro que reuniu mais de 40 mil participantes do mundo inteiro no Rio de Janeiro, o desafio de formar mão-de-obra deverá dar a tônica nos próximos anos. Longe de ser um problema brasileiro, a carência de profissionais do setor podia ser notada ao longo de toda a feira, com vários estandes exibindo, junto a caríssimos equipamentos, singelos classificados em busca de profissonais.

Até mesmo a maior produtora e detentora de reservas do mundo, a Saudi Aramco, está em um momento de escassos recursos humanos e distribuiu no evento material publicitário para atrair os eventuais profissionais de petróleo que passaram no local.  “O estilo de vida que você sempre sonhou… ele existe, venha trabalhar com a gente”, seduzia a estatal saudita em texto impresso em uma bolsa entregue aos visitantes.
Segundo especialistas e executivos presentes na feira, no Brasil o desafio será ainda maior, diante da descoberta da existência de um volume gigantesco de petróleo e gás natural na camada pré-sal, uma faixa que se estende por 800 quilômetros do Espírito Santo a Santa Catarina e que pode conter bilhões de barris de óleo equivalente.
Somente em dois campos dos oito que deverão ser explorados, a estimativa de volume de óleo recuperável quase dobra as atuais reservas brasileiras.

Milhares de vagas

De acordo com levantamento do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), a estimativa era de uma necessidade de capacitar 112 mil pessoas para o setor, levando em conta também projetos de refinarias, mas depois do pré-sal a conta pulou para uma carência de 260 mil pessoas, ainda sem considerar a demanda para a construção das plataformas de produção.

O órgão abre em novembro seleção pública para 42 mil vagas nos cursos de capacitação no setor e já prevê uma grande disputa.  Criado pelo governo Lula em 2003 para maximizar a participação da indústria nacional de bens e serviços na implantação de projetos de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior, o Prominp calcula que somente a Petrobras terá que gerar 232 mil empregos diretos até 2011.

Um dos principais problemas apontados no mercado brasileiro é a lacuna aberta com a falta de investimentos nos setores de petróleo e naval nos últimos anos, deixando como herança profissionais de idade avançada ou recém-formados. Não é raro encontrar, por exemplo, engenheiros aposentados nos quadros das empresas.

Após a seleção de novembro, a próxima será em julho de 2009, quando serão abertas 22.545 vagas. As informações são do coordenador-executivo do Prominp, José Renato Ferreira de Almeida, que participou da Rio Oil & Gas. Almeida ressaltou que a capacitação é importante em função do crescimento do mercado de petróleo. Ele lembrou que, para o desenvolvimento das atividades do setor  de petróleo no país, serão feitos investimentos de US$ 128 bilhões nos próximos quatro anos – US$ 97,4 bilhões da Petrobras e US$ 30,6 bilhões das demais operadoras.

O coordenador apresentou um mapa geral de competitividade da indústria, onde o Prominp avalia que as indústrias de alta competitividade devem aumentar sua infra-estrutura e capacidade fabril, enquanto as de média competitividade – além de ampliar a infra-estrutura – precisarão investir no avanço tecnológico.

Ainda segundo Almeida, a demanda por profissionais qualificados e por aço, importante matéria-prima para a construção de navios, refinarias e sondas de exploração petrolífera, mais que dobrará com o pré-sal, em relação ao atual plano de negócios da Petrobras, afirmou um especialista da estatal. O coordenador chegou a esta conclusão fazendo uma simulação do impacto que os projetos já anunciados pela Petrobras terão para a demanda, em vistas das descobertas de petróleo sob a camada de sal.

Revista Ecoturismo