O Gerente SMS da Petrobrás, Sr. Nelson Cabral, desenvolveu o tema “Nova Era da Sustentabilidade: Gás Natural, Energias Renováveis – biodiesel – etanol – gás de Urucu e Coari.
Sua palestra iniciou com a apresentação de um slide retratando a bucólica paisagem de uma casa ao lado de um lago em algum lugar da Amazônia. A foto inspira PAZ. A paz amazônica que é perturbada pelos mega-projetos de desenvolvimento em curso na região.
A partir desta imagem, Nelson Cabral chama a atenção para o fato de que os olhos do mundo estão voltados para a Amazônia. E de que a única maneira de se manter a soberania nacional sobre a Amazônia é demonstrar, aos olhos do mundo, uma gestão social e ambientalmente responsável desse relicário da natureza. Isto implica em gerir bem, do ponto de vista de Responsabilidade Social e Ambiental, as diversas atividades econômicas na Região, como é o caso da Petrobras. Para tanto, só há uma saída, um fator crítico de sucesso, com certeza: a gestão do conhecimento, com a produção e aplicação de saberes tradicionais e científicos aliados sobre a Amazônia.
A partir deste ponto, sua palestra focalizou a experiência de sucesso da Petrobrás com a implantação do CEAP Amazônia: uma iniciativa de gestão do conhecimento para suportar atividades da Petrobras e apoiar outras atividades produtivas na região, sob a ótica da responsabilidade social e conservação do meio ambiente.
Assim, o Centro de Excelência Ambiental da Petrobras na Amazônia é suporte essencial para nossa empresa, mas é também, além dos nossos limites, um fator de soberania nacional sobre a Amazônia Brasileira. O CEAP Amazônia é um fator de valorização do Meio Ambiente e dos recursos naturais da Região, mas, também, e principalmente, dos recursos humanos da nossa terra. Este respeito e valorização se refletem no uso responsável do saber tradicional e do conhecimento científico gerado sobre e na Amazônia.
Desde sempre se pesquisa e se fala sobre a Amazônia. Esse conhecimento gerado pela Academia e órgãos de pesquisa na Região é de qualidade e quantidade impressionantes. No entanto, sua dispersão, muitas vezes, não permite uma aplicação efetiva no sentido de beneficiar com todo o seu potencial a nossa terra e a nossa gente. Muito se faz, mas muito mais ainda se pode fazer para valorizar a Amazônia Brasileira.
Aliás, não só esta, mas toda a Panamazônia, uma vez que o conhecimento acumulado também nos outros países amazônicos pode e deve ser integrado ao nosso, replicando modelos de pesquisa, resultados obtidos e similaridades de regiões com a mesma complexidade na América do Sul.
Assim, a integração e a sinergia entre projetos, pesquisas, publicações e experiências na Região é a chave para buscar um resultado objetivo para a sua valorização. Buscar a integração das entidades detentoras de conhecimento já gerado sobre a Amazônia, promover a eficácia das pesquisas, direcionando e focando em objetivos claros, com resultados a obter bem definidos, é um desafio e uma missão árdua com certeza, mas tão gratificante que todo o esforço gerado, toda a energia dispendida parece nada, frente à realização que podemos e estamos conseguindo com o nosso Centro de Excelência Ambiental na Amazônia.
Ao falar do CEAP Amazônia, Nelson Cabral buscou identificar suas raízes históricas, identificando pontos notáveis de sua trajetória, mesmo antes de sua idealização.
Buscando esta origem, pontos chave de sua formação, voltamos ao ano de 1988, quando a Petrobras iniciou a produção de petróleo na província de Urucu. Naquela oportunidade, numa atitude vanguardista e antecipando aos tempos atuais, no que se refere à responsabilidade socioambiental, a Unidade de Produção da Petrobras na Amazônia buscou o saber e a capacidade crítica de cientistas renomados, com notório conhecimento sobre a Região para, junto a um seleto grupo de profissionais da empresa, identificar riscos e oportunidades para a atividade produtiva na nossa hipersensível Amazônia, num sítio praticamente intocado. Nasceram ali as diretrizes de sustentabilidade que pautaram o compromisso da Petrobras com a Região, até hoje uma referência quando se fala de valorização da Amazônia e de responsabilidade socioambiental, sendo de uma atualidade impressionante.
Foi decidido não permitir a proliferação de núcleos antrópicos derivados da instalação da Unidade de Produção de Pólo Arara, como veio a se chamar a área de produção de petróleo e gás do Rio Urucu; não permitir a retirada de nenhum espécime vegetal ou animal dos seus limites; não deixar nenhum resíduo de atividade produtiva e mesmo administrativa na região; reflorestar com espécimes locais, o máximo possível de áreas desmatadas; certificar todas as suas atividades, tanto à qualidade, como a segurança, meio ambiente e saúde, licenciando ambientalmente seus processos produtivos, entre outros aspectos de Responsabilidade Social e Ambiental tornaram-se pontos de honra para a Petrobras, sendo não só cumpridos como excedidos, como declararam alguns dos cientistas participantes do grupo original e que retornaram à Província do Rio Urucu 10 e 15 anos mais tarde.
A internalização do compromisso, gerado a partir do saber daqueles cientistas é, no nosso modo de ver, a primeira semente da geração do CEAP Amazônia, muito tempo antes de assim se chamar e mesmo de se intentar estruturá-lo e organizá-lo.
Outro ponto chave nesse caminho foi a criação do projeto Piatam (Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia) pela Universidade Federal do Amazonas, no ano de 2000, financiado pela FINEP, no âmbito do fundo setorial do Petróleo – CT Petro. O projeto visava avaliar potenciais impactos ambientais no transporte aquaviário de petróleo e gás entre Coari e Manaus. A sua apresentação em reunião do Plano Amazônia, que congrega os gerentes gerais das Unidades da Petrobras na região, bem como a área corporativa de Segurança, Meio Ambiente e Saúde e o Centro de Pesquisas da Companhia, foi o marco de início da parceria entre a empresa e a UFAM, além de outros parceiros, como a FUCAPI e o INPA, na elaboração do PIATAM II, também no âmbito do CT Petro.
Vislumbrou-se, ali, numa oportunidade única de ampliar o projeto para atendimento a toda a Amazônia, nas áreas de influência das atividades da Petrobras na Região. O projeto original foi ampliado em alcance e conteúdo, estudando e monitorando as áreas de fauna e flora aquática e terrestre, socioeconomia, modelagem hidrodinâmica dos rios e lagos ecotoxicologia e até mesmo arqueologia, a partir da descoberta de sítios importantes em uma das comunidades estudadas pelo projeto, entre outras atividades que incluem, por exemplo, a questão da saúde, por meio do estudo da ocorrência de doenças tropicais e seus agentes.
Assim, foi criado o PIATAM Mar, na região do manguezal entre Amapá, Pará e Maranhão, o PIATAM Oceano, na “Amazônia Azul”, uma vez que o Rio Amazonas tem influência fortíssima e de longa extensão no fundo do mar em frente à sua foz, o PIATAM Oeste, abrangendo a Amazônia Ocidental e outros que em processo de organização e aprovação.
Um destaque especial pode ser dado ao projeto Cognitus, gerado a partir da percepção de que a complexidade da Região Amazônica exigia uma abordagem inovadora e a geração de ferramentas cognitivas para pesquisa. Unir arte, ciência, filosofia e tecnologia foi um desafio e tanto, mas, hoje vemos o acerto da decisão de reunir uma gama de conhecimentos e especialidades, bem como de cérebros deste País, que espanta quando se realizam eventos do projeto. A transdisciplinaridade orientando o desenvolvimento dos estudos de forma interativa e cooperativa, é mais que uma disciplina, é um conceito, a essência do Centro de Excelência Ambiental da Petrobras na Amazônia. A partir dessa forma de atuação, podemos ousar entender um pouco, mas sempre mais um pouco, a inteligência dos processos naturais da região, essencial para que possamos valorizá-la e orientar nossa gestão e a gestão do conhecimento sobre ela, como um instrumento de responsabilidade socioambiental e, ousando dizer, de soberania do Brasil e dos demais países participantes sobre a Amazônia.
Por meio do EIRD – Estratégia Internacional para Redução de Desastres – da ONU, tivemos a oportunidade de acessar o conceito de resiliência, iniciar o entendimento e, agora, customizá-lo para a Amazônia, como suporte a gestão de projetos, empreendimentos e atividades da Petrobras na Região. A sua essência é identificar a vulnerabilidade do meio ambiente e das comunidades amazônicas, visando orientar ações de reforço de sua resistência a impactos, sejam eles naturais ou tecnológicos. Assim, ao iniciar os estudos para uma instalação produtiva, a empresa deverá fazer estudo não só dos riscos, visando reduzi-los, como é feito hoje em dia, mas também de vulnerabilidade do meio e das populações, frente a estes riscos identificados, criando ações para sua redução e reforço da resistência. Esta postura, portanto, é parte da gestão e se apóia no CEAP Amazônia, pois se trata de conhecimento profundo sobre a região.
Os benefícios e resultados esperados incluem a relevância estratégica de garantir o domínio do conhecimento sobre a Amazônia por instituições brasileiras. Com a abrangência se tornando a Panamazônia esperamos ter este mesmo benefício para as instituições nacionais dos países participantes. Redução de riscos associados à indústria de petróleo na região, fortalecimento de cooperação com as Forças Armadas, fortalecimento do compromisso da Petrobras e de seus parceiros com a Responsabilidade Social e Ambiental e a obtenção e uso de dados integrados, estratégicos para a gestão com Responsabilidade Social e Ambiental, orientando a elaboração de mapas de sensibilidades e estudos de impacto ambiental para empreendimentos a serem realizados na Amazônia são resultados a serem obtidos, alguns já efetivamente se tornando realidade nos dias de hoje.
Assim, numa história de vanguardismo, ousadia, coragem, investimento, consciência e compromisso com a região, o Centro ilustra bem a busca de valorização da Amazônia pela Petrobras, fator crítico de sucesso para a empresa e ponto de honra de sua Direção, que coloca a Responsabilidade Socioambiental estrategicamente ao mesmo patamar de crescimento e rentabilidade. “O desafio é a nossa energia”, diz o lema da Petrobras. Na Amazônia, o desafio é “Operar numa empresa de energia, fortemente atuante em petróleo e gás, numa região hipersensível, com Responsabilidade Socioambiental”.
Revista Ecoturismo