Em uma das mais acirradas e polêmicas eleições da história do Santos, último grande clube paulista cuja forma de governo remete ao continuísmo presidencial, associados decidirão amanhã por um novo mandato de Marcelo Teixeira, no cargo desde 2000, ou pela interrupção de seu governo pelo sociólogo Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, líder da oposição.

De imediato, a primeira reação do resultado nas urnas para o torcedor santista será refletido em Vanderlei Luxemburgo. Caso a situação vença, é praticamente certo que o treinador seguirá no comando do time em 2010. E é mais do que certeiro que Luxemburgo deixará o clube se a oposição triunfar.

O cenário da disputa poderia ser resumido em apenas uma palavra: continuismo. Se vencer novamente, Marcelo Teixeira garantirá mais dois anos de governo e, assim, somará 12 anos consecutivos à frente do Santos. Assim, irá se aproximar dos ex-presidentes de Corinthians e Palmeiras Alberto Dualib e Mustafá Contursi, que administraram seus clubes por, respectivamente, 14 e 12 anos.

“A oposição vive dizendo: “É o quinto mandato consecutivo dele”. Como se cinco mandatos fosse expressão longa. São cinco mandatos de dois anos cada um, apenas. Aqui não é ditadura militar. Não há continuismo. A cada dois anos os associados vão às urnas”, disse Teixeira. Mas é justamente no continuismo que a oposição se apega. Ribeiro tem batido nessa tecla, comparando o governo de Teixeira com os de seus colegas à frente de outros clubes. “Temo que o Santos tome o rumo que o Corinthians ou o Vasco levaram. Anos de continuismo, crise, quedas para a segunda divisão”, declarou o candidato, que pretende alterar o estatuto e barrar as reeleições infinitas no clube litorâneo.

Em comum, o discurso de atrair novos investidores. Ambos afirmam que já planejam a criação de um fundo de investimentos para gerir o departamento de futebol. Em 2003, Teixeira o derrotou com 60% dos votos. Desta vez, Ribeiro aposta no fato de o Santos viver fase ruim no futebol. Em 2008 e 2009, não conquistou sequer a vaga para a Libertadores da América. Teixeira, por sua vez, crê na reeleição graças a seu retrospecto na década. Com ele, o Santos foi bicampeão brasileiro, além de vencer dois Paulistas.

Folha de São Paulo