40% de empreendimentos comerciais classe A em SP têm contrato de pré-locação; vacância é de 4,8%, menor em 10 anos
Grandes empresas, que procuram mais de 1.000 m2, não acham lugar; 4 prédios reúnem 50% dos lançamentos
FELIPE VANINI BRUNING
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para enfrentar o excesso de procura por imóveis corporativos de classe A na cidade de São Paulo, as empresas aumentaram o nível de pré-locação -contrato de aluguel estabelecido antes mesmo da emissão do Habite-se pela prefeitura.
De acordo com a consultoria americana CB Richard Ellis (CBRE), 40% dos escritórios comerciais de classe A com previsão de entrega para 2011 já estão alugados.
“A operação de pré-locação era uma raridade entre 2000 e 2006, quando havia bastante oferta de imóveis no mercado”, afirma Adriano Sartori, diretor de locação da CBRE. “Agora está ficando cada vez mais comum.”
Isso se deve à escassez de ofertas. A Newmark Knight Frank (NKF), consultoria anglo-americana, estima que a taxa de vacância dos imóveis comerciais tenha atingido 4,8% no primeiro trimestre deste ano em São Paulo.
Trata-se de um dos menores índices na lista de cidades com polos financeiros e industriais de porte mundial e do menor em dez anos na cidade de São Paulo.
DESCENTRALIZAÇÃO
Exemplo da falta de imóveis é que metade da futura oferta de escritórios a ser entregue neste ano está concentrada em apenas quatro empreendimentos: Infinity Tower, no Itaim, Aqua Faria Lima e Pátio Brookfield, na Faria Lima, e Eco Berrini, na Berrini.
Eles somam 112 mil metros quadrados do total de 222 mil metros quadrados que São Paulo receberá. O valor geral de vendas (VGV) desses empreendimentos atingirá R$ 3 bilhões. O aluguel mensal em uma dessas torres na Faria Lima pode chegar a R$ 170 por m2.
Até escritórios com entrega em 2012, como o complexo de três torres do Cidade Jardim Corporate Center, da construtora JHSF, já estão totalmente esgotados.
A maior dificuldade é para as empresas que precisam de áreas acima de 1.000 m2, afirma o presidente da NKF, Carlos Pacheco.
“Temos três clientes nessa situação e eles estão assustados com os preços altos e a falta de opções”, afirma.
“Oferta pulverizada entre vários bairros é fácil, o problema é abrigar grandes empresas que precisam de andares inteiros.”
A Resource, empresa de tecnologia da informação que faturou R$ 200 milhões em 2010, teve de espalhar seus escritórios devido à falta de um local que acolhesse seus 2.500 funcionários.
Hoje, a Resource dispõe, além da sede no bairro Jardim São Luís, na zona sul paulistana, de mais cinco escritórios em diferentes regiões de São Paulo.
“A falta de uma sede para todos aumenta custos e dificulta a sinergia”, diz Gilmar Batistela, presidente da Resource. “Acabamos adotando definitivamente uma solução provisória.”
Fonte: Folha de São Paulo