Enquanto o aquecimento global é um problema para a maioria das espécies de animais do planeta, a mudança no clima parece ter deixado as marmotas maiores – em função do alimento mais abundante e mais tempo de dias ensolarados – e causou um baby boom (um rápido crescimento da população) desses animais. Contudo, esse conforto pode estar com os dias contados. Segundo os cientistas, o aquecimento pode não ser uma boa notícia para as marmotas em um longo prazo. As informações são do Live Science.
Um recente estudo do Imperial College, de Londres, publicado na Nature, analisou a população da espécie Marmota flaviventris nos últimos 33 anos na região do vale do rio Upper East, no Colorado, Estados Unidos, e indicou que as temperaturas mais quentes dos últimos anos aumentaram a estação de crescimento. As mães marmotas podem desmamar seus filhotes mais cedo e, como consequência estes tem mais tempo para ficar maiores e engordar mais antes da estação de hibernação.
De acordo com o estudo, na primeira metade dos 33 anos de observação, uma fêmea comum adulta pesava em média 3,1 kg. Na segunda metade, a média de peso passou a 3,4 kg. “Para aquele tamanho pequeno, é um grande aumento”, diz Arpat Ozgul, que liderou a pesquisa, à reportagem.
Segundo os cientistas, o ganho de peso deixou as marmotas mais fortes e propiciou que estes animais vivessem e se reproduzissem mais, o que levou a uma população maior. Entre 1976 e 2009, o número de marmotas vivendo na área do estudo aumentou de cerca de 50 para mais de 150.
Luxo temporário
Os pesquisadores afirmam que esses animais estão vivando uma “janela” de tranquilidade, uma vida de luxo temporária. O problema é que as marmotas são animais bem adaptados a viver em locais muito frios e úmidos, mas não toleram o estresse causado pelo calor.
Além disso, o aumento na temperatura e as secas de verão mais frequentes na região podem levar à diminuição da comida das marmotas, folhas verdes que necessitam de um clima úmido.
O próprio aumento da população desse animal já pode diminuir a oferta dessas plantas, assim como levar ao crescimento da população dos predadores das marmotas. “Sistemas ecológicos são muito interconectados e uma mudança em um parâmetro afeta muitos outros parâmetros do ambiente”, diz Ozgul à reportagem. “O que nós vemos aqui é que o balanço do sistema mudou um pouco e nos próximos anos vai nos mostrar onde isso vai parar”.
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