Os Estados Unidos redobraram os esforços para conter o avanço da mancha de óleo para terra firme neste domingo (8), depois da tentativa fracassada da British Petroleum (BP) de cessar o vazamento com uma grande estrutura de aço e cimento.

O vazamento de óleo, que pode chegar a ser o pior da história dos Estados Unidos, ameaça provocar um desastre econômico e ecológico nas praias, refúgios selvagens e centros de pesca do Golfo do México.

A possibilidade ganhou força depois que a BP, operadora da plataforma que afundou no dia 22 de abril, reconheceu ontem que a estrutura que tentou instalar no poço de petróleo não funcionou devido à cristalização de água e gás no encanamento que transportaria o óleo para um navio na superfície.

A mancha avança pela costa americana, depois de chegar às ilhas Chandeleur, na quinta-feira, no estado americano da Louisiana, uma reserva ecológica.

O jornal “Biloxi Sun Herald” informou hoje sobre a presença de alcatrão na ilha Dauphin, no Alabama, que a Guarda Costeira acredita ser procedente do derramamento que começou depois da explosão no dia 20 de abril da plataforma operada pela BP, afundando dois dias depois.

As autoridades do Alabama estão trabalhando este fim de semana para manter a mancha de óleo afastada da baía de Mobile, em uma tentativa de proteger o nono maior porto do país.

Para isso, construíram uma grande barreira flutuante com uma porta dupla no meio que permite a entrada de navios, que estão sendo inspecionados antes de chegarem ao porto para detectar possíveis restos de petróleo em seus cascos.

As autoridades portuárias do Estado esperam que os trabalhos sejam finalizados entre a noite de hoje e a manhã de segunda-feira.

As barreiras flutuantes são úteis para controlar os vazamentos quando o mar está calmo, mas são menos eficientes quando está de ressaca, já que o petróleo pode passar por cima e por baixo das barreiras com a força das ondas e do vento.

Uma frota de dez navios da Guarda Costeira também está trabalhando no delta do rio Mississipi para eliminar os restos de petróleo, com a utilização de líquidos solventes.

Os compostos químicos quebram a estrutura do petróleo em pequenas partículas, que são ingeridas posteriormente por bactérias.

O uso de milhares de litros desses solventes gerou polêmicas, já que, apesar de as substâncias não serem tão tóxicas quanto as utilizadas nos grandes vazamentos na década de 70, têm um efeito nocivo em organismos sensíveis, como bancos de corais.

A BP, por sua parte, continua trabalhando também na busca de soluções para controlar o vazamento diário de 800 mil litros de petróleo no mar (mais de 5 mil barris), segundo as estimativas oficiais.

A companhia considera a possibilidade de acrescentar metanol na estrutura de cimento e aço para impedir que a água ou o gás congelados tapem o encanamento que levaria petróleo a um navio. Além disso, continua analisando maneiras de ativar a válvula que permitiria tapar o poço de petróleo, que falhou com a explosão.

O executivo-chefe da BP, Tony Hayward, afirma em entrevista publicada hoje pelo jornal britânico “Sunday Telegraph” que a empresa poderia estar gastando US$ 10 milhões diários nas tarefas de limpeza em andamento, acima dos US$ 6 milhões previstos inicialmente.

FSP