O desmatamento ilegal nos países tropicais diminuiu notavelmente durante a última década, um resultado animador para as populações que dependem dos recursos de suas florestas e para a luta contra o aquecimento climático, segundo uma pesquisa publicada nesta quinta-feira.

No Brasil, a exploração ilegal das florestas diminuiu entre 50% e 75% nos últimos dez anos graças essencialmente a leis mais rígidas e aplicadas com maior rigor, segundo a pesquisa realizada pelo instituto britânico Chatham House.

A maior queda ocorreu nos últimos cinco anos, quando as autoridades passaram a intensificar a luta contra os cortes na região e também modernizou o sistema de transporte e comércio madeireiro.

O documento também destaca o sistema de monitoração florestal do governo brasileiro, mas fala de falhas no cumprimento da punição aplicada nos delitos ocorridos na Floresta Amazônica. A exploração florestal ilegal diminuiu no mesmo período em 50% em Camarões e 75 % na Indonésia, acrescenta o relatório.

No conjunto dos três países, os esforços realizados permitiram evitar a degradação de 17 milhões de hectares de florestas. Nos outros países estudados (Gana e Malásia), os níveis de exploração continuaram sendo aproximadamente os mesmos.

Segundo as Nações Unidas, o volume de maneira procedente do corte ilegal representa entre 350 e 650 milhões de metros cúbicos anuais, ou seja, entre 20% e 40% da produção mundial de maneira industrial. “Nosso estudo demonstra que o interesse e a pressão dos países consumidores, combinados com a ação dos países produtores, podem produzir resultados muito positivos”, assinala Sam Lawson, principal autor da pesquisa.

Depois dos Estados Unidos, que aprovou em 2008 uma lei similar, a União Europeia (UE) proibiu no último dia 7 o comércio em seu território de madeira obtida a partir de corte ilegal, numa tentativa de frear esse fenômeno que prejudica principalmente zonas vulneráveis como o Amazonas e agrava o desmatamento e a mudança climática.

O Parlamento Europeu, reunido em sessão plenária em Estrasburgo (França), deu luz verde a esta legislação pioneira no continente, que começará a ser aplicada dentro de dois anos e que tem desde 2008 um precedente nos Estados Unidos.

A lei, negociada arduamente durante dois anos dentro da UE, proíbe o comércio de madeira e seus produtos derivados, incluindo móveis, procedentes do corte ilegal e abri caminho para sanções para os importadores que não a cumprirem.

A madeira ilegal supõe atualmente cerca de 20% do total das importações no território europeu e até agora nenhuma legislação impedia sua comercialização.

A proibição regerá nos 27 países da UE, mas será competência de cada governo estabelecer as sanções econômicas para quem violar a lei.

AFP