Caetano Veloso não está muito afim de falar sobre seus 70 anos, que se completam nesta terça-feira, 7 de agosto. Nem comemorar ele vai.
Segundo sua ex-mulher e empresária, Paula Lavigne, ele “não quer transformar seus 70 em um evento”.
Mas o músico, baiano que é, abriu uma fresta em sua reclusão para receber os parabéns dos fãs, que podem deixar recados no Facebook, na página Fala Caetano (facebook.com/falacaetano), ou no Twitter, usando a hashtag #Cae70anos.
“Iremos mostrar para ele todas as mensagens”, garante uma mensagem postada na página, que é administrada pela equipe do site www.caetanoveloso.com.br “.
CAETANO, 70
Um dos ícones do movimento Tropicália, Caetano Veloso divide com Chico Buarque, 68, a posição de artista vivo mais importante da MPB. Essa é a opinião de 70 jovens artistas entrevistados em uma enquete promovida pela Folha.
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A consulta foi feita com músicos, escritores, diretores de cinema e de teatro, apresentadores e atores de TV e artistas plásticos, todos com até 40 anos.
Citado por artistas de todas as áreas, Caetano não chega à maioria absoluta em nenhum grupo. A relevância de sua produção contemporânea, porém, é tida quase como unanimidade –atestada por 95% dos entrevistados.
“Caetano teve um impacto enorme na minha formação. A potência da obra dele não diminui com o tempo”, diz a artista plástica Renata Lucas, 40. “Cada vez que a escuto é uma redescoberta maravilhosa.”
“Ele não se acomoda, é inquieto. Transita por todos os estilos”, diz a apresentadora Fernanda Lima, 35.
O posicionamento político de Caetano repercute na opinião pública para 81% desses artistas, ainda que boa parte deles questione sua eficácia.
“Tudo o que o Caetano diz e escreve chama a atenção de um certo grupo de pessoas. Aquela turminha do café da manhã com suco de laranja, torrada light e jornal”, diz a escritora Cecília Giannetti, 35. “O peso, se vai valer ou não a posição que ele quer validar, já se incute no debate com a própria grita que causa. É um bom truque”, diz.
Entre os que discordam de sua influência está o artista plástico Marcelo Cidade, 34, que apontou Mano Brown como o grande nome da MPB. “Acho que Caetano já teve importante participação política, mas hoje é um instrumento da indústria musical.”
As indicações sonoras de Caetano, que já recomendou, entre outros, os cantores Maria Gadú, Tiê e Pedro Miranda, chamam a atenção de 60% dos participantes.
“De Virgínia Rodrigues a Criolo, sempre estou atenta ao que ele indica”, exemplifica a atriz Taís Araújo, 33.
Procurado para comentar a enquete, Caetano, por meio de sua ex-mulher e empresária, Paula Lavigne, informou que não dará entrevistas, pois “não quer transformar seus 70 em um evento”.
A Folha aproveitou a data para ir visitar a cidade onde o cantor e compositor nasceu, Santo Amaro (BA), e traçar o perfil do artista quando jovem.
Fonte: Folha de S. Paulo