Em um ano marcado por intenso debate socioambiental, a ONG reafirmou seu laços e compromisso com a conservação do meio ambiente

Criada em 1986 por cientistas, empresários e jornalistas, a Fundação SOS Mata Atlântica foi uma das primeiras ONGs destinadas a proteger os remanescentes de Mata Atlântica no país. Sua missão, deste então, é promover a conservação da diversidade biológica e cultural do bioma Mata Atlântica e os ecossistemas sob sua influência. Em 26 anos de atuação, a Fundação tem contado com o apoio de mais de 350 mil filiados, 600 voluntários, cerca de 300 parceiros e inúmeros apoiadores que contribuíram para a restauração florestal de cerca de 17 mil hectares da Mata Atlântica. Entre as realizações e conquistas, destacam-se a criação de mais de 550 reservas particulares, o apoio a 1 milhão de hectares em áreas marinhas e costeiras, o monitoramento via satélite dos remanescentes florestais de 3 mil municípios, o plantio de mais de 28 milhões de mudas nativas em programas de restauração flores tal e cerca de 2 milhões de pessoas atingidas por eventos de mobilização e educação ambiental.

 

Em 2012, ano da aguardada cúpula ambiental Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), a SOS Mata Atlântica reforçou esse compromisso e continuou na empreitada por uma cidadania ambiental responsável em relação ao futuro do bioma.

Confira alguns destaques do ano:

A situação dos Remanescentes Florestais de Mata Atlântica em 2012

Em 27 de maio, data em que é comemorado o Dia da Mata Atlântica, a Fundação e o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) divulgaram os dados atualizados sobre do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica referentes ao período de 2010 a 2011. O monitoramento contou com o patrocínio do Bradesco Cartões e execução técnica da Arcplan.

Da área total do bioma Mata Atlântica, 1.315.460 quilômetros quadrados, foram avaliados no levantamento 1.224.751  quilômetros quadrados , o que corresponde a cerca de 93%. Entre os Estados avaliados, Minas Gerais e Bahia seguem como aqueles em situação mais crítica, sobretudo nas regiões com matas secas. A floresta continua reduzida a apenas 7,9% de sua cobertura original.

“A conservação e a proteção desse bioma tão ameaçado continuam sendo nossas grandes lutas. Os recursos naturais e os serviços ambientais da Mata Atlântica são essenciais para a sobrevivência de mais de 118 milhões de habitantes que vivem sob seus domínios”, enfatiza Marcia, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica.

 

Políticas Públicas

O projeto de Lei que alterou o Código Florestal Brasileiro  foi uma das reformas mais discutidas durante 2012, mobilizando milhões de assinaturas e manifestações pelos vetos presidenciais. Por meio das áreas de Políticas Públicas, de Mobilização e da Rede das Águas, a Fundação SOS Mata Atlântica atuou fortemente nestas questões, com protestos, coletas de assinaturas e a participação nas sessões no Congresso, em audiências públicas e eventos sobre o assunto.

Durante todo o ano o foi mantido o apoio ao movimento Floresta Faz a Diferença, que lançou novas campanhas, como o Cartão Vermelho aos Parlamentares que Querem Piorar o Código Florestal e Não Vote em quem Votou Contra as Florestas. A população demonstrou também nas urnas seu desejo pelo “veto” ao Código Florestal: 75% dos candidatos “cartão vermelho” (que votaram pelo enfraquecimento do Código e disputavam o cargo de prefeito) não foram eleitos. Além disso, no evento Viva a Mata, cerca de 2 mil pessoas se reuniram na manifestação #VetaTudoDilma, pedindo à Presidente o veto integral do Novo Código Florestal.

A Fundação se envolveu também com mobilizações e debates da Rio+20, lançou a Plataforma Ambiental aos Municípios 2012 e ajudou mais cidades a elaborarem seus Planos de Mata Atlântica. Previsto na Lei da Mata Atlântica, esse documento reúne e normatiza os elementos necessários à proteção, recuperação e uso sustentável da Mata Atlântica nas cidades abrangidas pelo bioma. Neste ano, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, foi a terceira cidade brasileira a concluir seu plano. Ainda com o apoio da Fundação, mais 15 municípios do Rio de Janeiro estão produzindo seu plano, entre outras cidades.

 

Campanha Veteranas de Guerra

No Dia da Árvore, 21 de setembro, a Fundação SOS Mata Atlântica lançou a campanha Veteranas de Guerra, uma criação da agência F/Nazaca Saatchi & Saatchi. Com a participação do botânico Ricardo Cardim, foram selecionadas 20 das árvores mais antigas da capital paulista, espécies nativas da Mata Atlântica que receberam medalhas de honra e uma placa de bronze em homenagem e agradecimento pelos serviços prestados à população.

 

Zelando também pela lembrança da relevância dessas que são verdadeiras “sobreviventes do asfalto”, a campanha conquistou em novembro seu primeiro prêmio na categoria, levando o bronze na categoria Craft TV & Vídeo, da premiação argentina El Diente, a mais importante do mercado publicitário argentino.

 

 

 

 

Estreitando laços com o público

A comunicação da SOS Mata Atlântica com seus diversos públicos foi também fortalecida no ano de 2012. Durante a Rio+20 a ONG apresentou o seu novo portal. Em menos de seis meses, ele já alcançou mais de 340 mil visualizações. A página da Fundação no Facebook cresceu neste ano, ultrapassando a marca de 29 mil fãs, um aumento de mais de 1.300% em relação ao ano anterior. Atualmente, no Twitter, mais de 29 mil seguidores acompanham e compartilham conteúdos da @sosma, e no canal do Youtube da Fundação os vídeos tiveram mais de 26 mil visualizações.

Ainda em dezembro deste ano, a Fundação inaugurou sua atuação no Instagram, com uma #Instamission especial: “fotografe árvores e concorra a uma viagem para conhecer o Parque Nacional do Iguaçu”.

Além disso, a interação com o público não se limitou somente ao mundo digital e eletrônico: cerca de 240 interessados puderam conhecer de perto o trabalho da Fundação, com expedições e programas de visitação como o “Porteira Aberta”, “Férias na Mata Atlântica” e o “Portas Abertas SOS Mata Atlântica”.

Nosso Verde Também Depende do Azul

Durante 2012, a Fundação trabalhou a relação entre as zonas costeiras, ecossistemas marinhos e a Mata Atlântica, baseando-se no conceito “Nosso Verde Também Depende do Azul”, tema do evento em comemoração ao dia nacional da Mata Atlântica (27/05), Viva a Mata 2012. Em sua oitava edição, ele recebeu mais de 100 mil pessoas e atividades e projetos de 80 expositores de todo o Brasil. O evento contou com o patrocínio do Banco Bradesco e da Natura e o apoio da Rede Globo, da Rádio Estadão ESPN, da TAM e da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo.

Também no Viva a Mata 2012 foi inaugurado o quarto ciclo da mostra itinerante “A Mata Atlântica é aqui”. Além de um novo cenário interativo e da ampliação do projeto, que passou de um para dois caminhões adaptados que viajam juntos pelo Brasil servindo de palco para a realização de atividades de educação ambiental, o público pode conferir entre os eles a exposição “Nosso Verde Depende do Azul”.

De maio a dezembro de 2012, com patrocínio do Bradesco Cartões, Natura e Volkswagen Caminhões & Ônibus, a exposição visitou 10 cidades, contabilizando mais de 100 dias de atividades de educação ambiental, mais de 15 corpos d’água monitorados, e mais de 100 ONGs, instituições e secretarias parceiras, atingindo um público direto de mais de 25 mil pessoas.

Outros eventos foram destaque durante o ano, como a distribuição de 120 mil mudas no Faça Parte da Paisagem, que marcou o Dia da Árvore em setembro, e pelo menos 50.000 pessoas interagiram diretamente com a Fundação em eventos como a Semana do Meio Ambiente, Adventure Sports Fair e Virada Sustentável.

 

5 anos do Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica-Brasil Kirin

O Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica-Brasil Kirin completou em 2012 cinco anos de existência. Referência em Restauração Florestal, ele é apoiado pelo Bradesco Capitalização. Neste ano, o Centro teve a sua capacidade de produção ampliada para 700 mil mudas e recebeu 1.065 visitantes, em cursos, atividades de educação ambiental e eventos.

Até hoje, o viveiro produziu mais de 1 milhão de mudas nativas de Mata Atlântica, custeadas por empresas patrocinadoras e pessoas, possibilitando a restauração de uma área equivalente a 741 campos de futebol.

Instalado em uma antiga fazenda do Grupo Schincariol e que agora é de propriedade da Brasil Kirin, localizada na cidade de Itu (SP), o Centro já foi visitado por mais de 16 mil pessoas. Nele funciona também a coordenação dos dois programas de Restauração Florestal da Fundação, Clickarvore e Florestas do Futuro, que juntos já somam mais de 30 milhões de mudas doadas ou patrocinadas para a restauração da Mata Atlântica.

 

Décimo quinto aniversário do Programa de Voluntariado

Os 15 anos do Programa de Voluntariado da Fundação SOS Mata Atlântica foi celebrado em 12 de dezembro. Cerca de 100 voluntários ativos, e uma base de aproximadamente 600 voluntários, colaboraram ao longo desse tempo de existência do programa, participando de diversas ações com a Fundação e contribuindo para a realização de atividades de capacitação, educação ambiental em escolas, mobilizações, mutirões e visitas às outras bases de atuação da organização.

O programa Plantando Cidadania, iniciativa do Voluntariado da SOS Mata Atlântica, também comemorou um marco em dezembro: 10 anos de atividades de educação ambiental e cidadania. Desde 2001, sua atuação visa sensibilizar alunos e comunidades sobre as questões ambientais, valorizando as relações humanas através de diferentes ações. Mais de 20.000 alunos da rede pública de ensino, de 3 a 14 anos, já foram atendidos.

Para comemorar a ocasião e compartilhar resultados positivos e reflexões, o Voluntariado realizou uma Jornada sobre o Plantando Cidadania e educação ambiental. Além disso, mais uma edição do “Seja Voluntário por um Dia” marcou a passagem do Dia Internacional do Voluntário, e outras ações voluntárias foram realizadas ao longo do ano, como o plantio de mudas na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim no Rio de Janeiro.

 

XI Edital do Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica

A Fundação SOS Mata Atlântica e a Conservação Internacional (CI-Brasil) lançaram em 2012 o XI Edital do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) da Mata Atlântica. O Edital, que contou com recursos do Bradesco Capitalização, do Bradesco Cartões e com a parceria da The Nature Conservancy (TNC), destinou R$ 400 mil a 34 propriedades contempladas em oito estados brasileiros: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.

Dos projetos selecionados, nove receberão recursos para a criação de 12 novas RPPNs, totalizando 1.080,13 hectares. Outras 20 RPPNs, que somam um total de 2.645,42 hectares, serão beneficiadas para a elaboração de planos de manejo. Além disso, duas RPPNs, que juntas chegam a 135 hectares, receberão recursos para projetos de georreferenciamento. Ao todo, as reservas vão ajudar a proteger mais de 3.860 hectares do bioma.

Até hoje, o programa já contabiliza 10 editais lançados e apoio a 303 projetos (sendo 225 de criação e 78 de gestão de reservas particulares), além de mais 9 projetos que englobam um conjunto de reservas em regiões específicas do bioma. Ao todo, o programa apoiou a criação de 467 RPPNs e a gestão de 84 RPPNs, em um total de 551 RPPNs e mais de 57 mil hectares apoiados.

 

Costa Atlântica

Coordenada nacionalmente pela SOS Mata Atlântica e apoiada por organizações de diversos Estados, em janeiro de 2012 foi lançada no Fórum Social Temático a campanha #MangueFazADiferença. Com o objetivo de alertar e mobilizar a sociedade a respeito dos impactos das alterações do Código Florestal nos manguezais, a campanha realizou 37 mobilizações em 13 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, no período de um mês e meio.  Um total de 87 instituições aderiu à iniciativa e as manifestações da campanha alcançaram pelo menos 50 mil pessoas em todo o país.

O Programa Costa Atlântica também apresentou neste ano o seu V Edital, que destina até R$ 300 mil para projetos que visam a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade das zonas costeira e marinha sob influência do bioma Mata Atlântica, com o patrocínio da Anglo American, do Bradesco Capitalização e da Repsol Sinopec. O programa completou 6 anos em 2012, acumulando resultados significativos: os projetos apoiados já beneficiam 16 Unidades de Conservação (UCs) em nove Esta dos brasileiros (RN, CE, PI, PE, BA, ES, RJ, SP, SC), em mais de 1 milhão de hectares de áreas marinhas protegidas beneficiadas.

Graças ao apoio de pessoas físicas, do Bradesco Cartões e da Fundação Toyota do Brasil, foi possível constituir fundos e apoiar a Reserva Biológica do Atol das Rocas, a Estação Ecológica da Guanabara, o Monumento Natural das Ilhas Cagarras e a Área de Proteção Ambiental (APA) da Costa dos Corais, por meio do Fundo Toyota APA Costa dos Corais, todas elas geridas pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Além disso, o Costa Atlântica manteve apoio ao Conselho do Pólo Ecoturístico do Lagamar (Vale do Ribeira – SP), aos Monitores Ambientais da Prainha Branca (Guarujá – SP) e em parceria com a Associação Cairuçu, o apoio à Area de Proteção de Cairuçu (ICMBio) e Reserva da Juatinga (INEA – Instituto Ambiental do Rio de Janeiro), de forma a fortalecer essas unidades.

O programa apoiou ainda o processo para criação de nove novas Unidades de Conservação: Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) Peixe Boi (CE/PI); Área Marinha Litoral Leste (CE); REVIS Praia do Forte (BA); Ampliação do Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA); REVIS da Baleia Jubarte (BA); Área de Proteção Ambiental (APA) dos Abrolhos (BA); Reserva de Fauna Babitonga (SC); Reserva de Desenvolvimento Sustentável Foz do Rio Doce (ES) e Parque Nacional /APA Arquipélago Sul Capixaba (ES).

 

Fonte: Lead Comunicação