Segundo instituto Apoyo, ex-presidente peruano tem frente de cinco pontos sobre Ollanta Humala na eleição de amanhã

Embora vantagem esteja fora da margem de erro, Humala pode receber ajuda de eleitores sem coragem de declarar sua preferência

Silvia Izquierdo/Associated Press
Mulher dança usando trajes típicos durante o comício de encerramento da campanha de Humala, em Cusco, no altiplano peruano

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Três pesquisas de intenção de voto divulgadas ontem revelam que o ex-presidente de centro-esquerda Alan García continua na frente do nacionalista Ollanta Humala para o segundo turno da eleição peruana, marcado para amanhã. Os levantamentos indicam ainda que a diferença entre os dois, na casa dos cinco pontos percentuais, permaneceu inalterada nos últimos dias de campanha, marcados por cenas de violência entre militantes e pela intensa troca de acusações.
No levantamento do instituto Apoyo, o mais confiável, García tem 53% dos votos, contra 47% do nacionalista. Apesar de ser praticamente o mesmo número da pesquisa anterior, divulgada no último domingo -52% a 48%, respectivamente-, a oscilação foi suficiente para que a distância saísse da margem de erro, de 2,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
“García deve vencer”, disse o diretor do Apoyo, Alfredo Torres, à agência Reuters. “Se Humala vencer, será por causa de um voto oculto que não registramos.” Segundo ele, ainda havia 8% de indecisos.
A pesquisa do Apoyo é a única feita por simulação de voto, em que o entrevistado não precisa revelar o seu voto ao pesquisador. Para o instituto, essa é a metodologia mais confiável, pois permite medir o voto oculto, que tende a favorecer Humala, de longe o mais criticado pela imprensa peruana.
Já a pesquisa da Universidade de Lima, com metodologia tradicional, mostra uma vantagem maior para García: 55,9% das preferências, contra 44,1% de Humala. A margem de erro aí é de dois pontos percentuais.
A vantagem é ainda mais ampla na pesquisa do instituto Datum, em que García tem 57%, e Humala, 43%, com uma margem de erro de 2,4 pontos percentuais em ambas as direções. Na pesquisa anterior do Datum, divulgada no último domingo, a diferença era praticamente a mesma: 58% a 42% a favor do ex-presidente.
Por causa da lei eleitoral, as pesquisas de ontem só puderam ser divulgadas no exterior.

Apoio espanhol
Os dois candidatos encerraram a campanha oficialmente anteontem, em comícios realizados em Lima (García) e Cusco, nos quais repetiram a troca de acusações dos últimos dias.
A principal surpresa veio de García. Depois de passar os últimos dias chamando de “intromissão estrangeira” o apoio de Hugo Chávez a Humala, o ex-presidente recebeu no palco o apoio de Trinidad Jiménez, secretária de Relações Internacionais do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), do premiê José Luis Rodríguez Zapatero. “Quis manifestar o apoio do PSOE ao candidato do Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana). Queremos vê-lo como presidente do Peru”, disse Jiménez ontem, após se reunir com García.
Humala preferiu encerrar a campanha no altiplano peruano, seu principal reduto eleitoral, onde voltou a acusar García de vínculos com o ex-chefe de inteligência Vladimiro Montesinos, pivô do escândalo que derrubou o ex-presidente Alberto Fujimori, em 2000.
“Não vamos dar liberdade a Montesinos. Há um pacto de impunidade, conspiratório, entre García e o delinqüente Montesinos. Não podemos permitir que Montesinos entre no Palácio do Governo”, acusou.

fonte: Folha de Sp