Guatemala, 6 nov (EFE).- O general reformado Otto Pérez Molina é o virtual presidente eleito da Guatemala ao derrotar neste domingo nas urnas o empresário populista Manuel Baldizón, segundo os resultados oficiais preliminares do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

Pérez Molina, de 61 anos, candidato do direitista Partido Patriota (PP), está 10,92 pontos à frente de seu adversário, que é apoiado pela Libertad Democrática Renovada (Líder).

Com 82,10% das 16.668 Juntas Receptoras de Votos (JRV) apuradas, o militar na reserva, que em 2007 concorreu pela primeira vez mas não saiu vitorioso, obtém 1.933.553 votos, que representam 55,46% do total.

Enquanto isso, Baldizón, destaque do partido Líder, que participou pela primeira vez em uma disputa eleitoral como candidato à Presidência do país, soma 1.552.974 votos, com 44,54%.

A tendência em favor de Pérez Molina se mantém desde o início da apuração e, de acordo com analistas locais, é difícil que se reverta.

Os 82,10% representam 13.685 mesas apuradas e do total de votos emitidos, 3.482.527 são válidos, 98.272 nulos e 47.934 em branco.

Apesar da vantagem que mantém, o general reformado não se pronunciou ainda sobre o resultado do segundo turno das eleições para escolher quem sucederá na Presidência o social-democrata Álvaro Colom a partir do dia 14 de janeiro e por um período de quatro anos.

Um porta-voz do PP disse à Agência Efe que Pérez Molina só fará ‘uma declaração depois que o TSE oficializar os dados da apuração’.

Durante a jornada eleitoral Pérez e Baldizón se acusaram mutuamente de terem comprado votos para que os guatemaltecos os favorecessem com seu voto.

Pérez Molina denunciou em entrevista coletiva, com provas na mão, que com o respaldo do Governo de Colom, o partido Líder distribuiu cestas básicas e vales passíveis de troca por telhas de zinco para ganhar a Presidência.

Baldizón também denunciou que o PP distribuiu cerca de quatro milhões de vales a potenciais eleitores passíveis de troca por produtos de lavoura e mochilas.

As forças de segurança informaram da captura de cerca de 106 simpatizantes de ambos os partidos por crimes eleitorais, entre eles campanha suja, termo que faz referência aos milhares de panfletos anônimos que foram jogados de veículos não identificados em diferentes pontos do país, os quais continham mensagens nos quais ambos os candidatos eram acusados de ‘corruptos’, ‘ladrões’, ‘assassinos’ e ‘demagogos’.

No entanto, a presidente do TSE, María Eugenia Villagrán, assegurou que as votações aconteceram com tranquilidade, à exceção de incidentes isolados em algumas regiões do interior do país.

Por enquanto o TSE não revelou a percentagem de participação na eleição presidencial, mas os observadores a qualificaram de baixa.

Nas eleições gerais do dia 11 de setembro, nos quais não se conseguiu dirimir a luta pela Presidência, participaram 69% dos 7,3 milhões de guatemaltecos aptos para votar.

A promessa de ‘mão dura’ contra o crime organizado e a violência feita por Pérez Molina ao longo de sua campanha parece ter se fixado na mente dos guatemaltecos, que se queixam dos altos índices de criminalidade do país.

Espera-se do novo presidente que atue também para reduzir a pobreza, que afeta 51% do total da população, e para propiciar as condições para que chegue o investimento e se melhore o nível de emprego.

Responder a estas demandas da população serão os principais desafios deste general reformado que se transforma no sétimo presidente eleito da nova era democrática instaurada na Guatemala em 1986.

É também o primeiro militar que volta à Presidência da Guatemala, 26 anos depois que as Forças Armadas entregaram o poder ao civil Vinicio Cerezo em 14 de janeiro de 1986, ao ser vencedor nas eleições, após uma longa sequência de regimes militares que se sucederam no poder mediante fraudes e golpes de Estado. EFE

fonte: VEJA