Empresa de serviços de tecnologia do Grupo Tata avaliada em US$ 50 bi quer contratar 18 mil na região até 2015

Formação de mão de obra é gargalo, e empresa pode recorrer a indianos; Brasil e México são destaques

CAMILA FUSCO
ENVIADA ESPECIAL A CHENNAI

Maior empregadora asiática, com mais de 200 mil funcionários, a TCS, braço de serviços de tecnologia do conglomerado indiano Tata, busca crescer na América Latina.
De olho em oportunidades em desenvolvimento de software e terceirização de infraestrutura -parte de um mercado que movimenta US$ 33 bilhões ao ano-, a empresa quer mais que triplicar sua força de trabalho na região, hoje de 7.000 funcionários.
“Com o amadurecimento das economias latinas e oportunidades no Brasil e no México, queremos passar para 25 mil pessoas até 2015”, diz Ajoy Mukherjee, vice-presidente de Recursos Humanos.
Para alcançar a meta, a TCS corre contra o tempo para contratar engenheiros e especialistas em software.
Uma das iniciativas inclui replicar o modelo de parcerias indianas para recrutar estudantes de engenharia e da ciência da computação.
Todo ano, um time de 300 funcionários de RH cruza a Índia para mapear alunos das cerca de 5.000 faculdades de tecnologia. Em 2010, foram 37 mil engenheiros entre 70 mil contratados.
A TCS também poderá fazer no Brasil os dias de apresentação da empresa e testes de seleção em faculdades para escolher funcionários, como ocorre na Ásia. Hoje, a companhia tem 800 pessoas no país e mantém parcerias com ITA, Anhembi-Morumbi e Impacta Tecnologia.

REFORÇO EXTERNO
O envio de especialistas indianos para projetos latinos, principalmente para o Brasil e o México -os principais alvos de negócio da companhia na região-, é outra alternativa que deve ganhar força nos próximos anos.
“Normalmente, 95% da força de trabalho é composta de profissionais locais, mas, para garantir a qualidade de entrega dos projetos no mundo, normalmente enviamos indianos para garantir os processos”, diz Mukherjee.
Hoje, 300 funcionários na América Latina são indianos -serão mil em quatro anos.
O percentual parece pequeno, mas significa desafios para a TCS em termos culturais. A empresa recrutou dois brasileiros e um colombiano para preparar os funcionários para a cultura local.
Neste ano, cerca de 300 trainees serão enviados ao exterior -principalmente para a América Latina.
“O trabalho envolve treinamento profissional, noções de negócios internacionais e cultura geral”, diz o brasileiro Sérgio Schüler, 29, um dos professores.
No Brasil, a intenção é atender ao mercado interno de serviços de tecnologia, avaliado em US$ 17 bilhões. As operações da TCS no México miram os EUA.
Atualmente a América Latina representa só 4% dos US$ 825 bilhões movimentados por ano em serviços de tecnologia, segundo a consultoria Gartner, mas a justificativa do interesse vem do potencial da região.
Até 2014, o mercado latino deve crescer ao ano cerca de 11%, mais que o dobro dos 4,3% projetados para o total de serviços de TI.

A jornalista CAMILA FUSCO viajou a convite da TCS

fonte: Folha de Sp