O secretário de Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar, afirmou que vai voltar a proibir a exploração de petróleo no Golfo do México. Na terça-feira, um juiz federal havia cassado a moratória de seis meses sobre a exploração de petróleo em águas profundas imposta pelo governo do presidente Barack Obama.

Salazar disse que a suspensão dos trabalhos de exploração “era e é a decisão certa”. A Casa Branca já havia anunciado que apelaria da decisão da Justiça.

O juiz que suspendeu a decisão anterior classificou a proibição de “inválida” e afirmou que ela não se justifica, já que teria um grande impacto sobre as empresas locais.

“Vou publicar uma nova ordem nos próximos dias que elimina qualquer dúvida sobre a propriedade, a necessidade da moratória, e se ela está em nossa alçada”, disse Salazar.

Explosão

A explosão da plataforma Deepwater Horizon, de propriedade da empresa Transocean e operada pela petroleira britânica BP, matou 11 pessoas e provocou o maior desastre ambiental da história americana.

O governo decidiu suspender as explorações em águas profundas no Golfo do México em maio, o que paralisou o trabalho em 33 plataformas. Algumas empresas, inclusive, já estudam reposicionar as suas imensas plataformas.

No entanto, a proibição foi questionada na Justiça por várias empresas, em uma ação iniciada pela Hornbeck Offshore Services.

Ao justificar sua decisão, o juiz Martin Feldman –da cidade de Nova Orleans, no Estado de Louisiana, um dos mais afetados pelo vazamento de petróleo– disse que a moratória partia do princípio de que, por causa de um único acidente, todas as petroleiras e plataformas envolvidas na exploração em águas profundas representavam um risco iminente.

“A corte não conseguiu encontrar ou compreender a relação entre as descobertas e o imenso escopo da moratória.”

“Uma decisão inválida”, disse o juiz, “simplesmente não pode justificar o efeito incomensurável sobre a economia local, a região do Golfo e o aspecto crítico da disponibilidade atual de energia doméstica neste país”.

No início de junho, a AIE (Agência Internacional de Energia), advertiu para o risco de o desastre aumentar os custos, atrasar projetos e levar a uma completa reavaliação da regulamentação sobre exploração em águas profundas.

Lobby

A decisão ocorre em meio ao forte lobby da indústria petrolífera, incluindo representantes da BP e da Transocean, empresa proprietária da plataforma que explodiu.

Empresas que fornecem serviços para as petroleiras envolvidas em exploração em águas profundas também argumentaram que a moratória foi imposta de maneira arbitrária.

As estimativas mais recentes são de que entre 35 mil e 60 mil barris estejam sendo despejados diariamente no Golfo do México.

Até o momento, a BP tem conseguido evitar o derramamento de apenas cerca de 25 mil barris por dia.

A moratória havia sido anunciada em maio pelo governo americano depois do início do vazamento de petróleo no Golfo do México.

Na época, o prazo previsto era de um mês, mas, em 27 de maio, Obama anunciou que estava estendendo a moratória por seis meses.

Folha OnLine