O Greenpeace fez barulho na segunda-feira (21), na frente do Teatro Municipal, para mandar um recado para os líderes mundiais: é preciso agir agora para controlar o aquecimento global. Ativistas fantasiados de vaquinhas, animais marinhos e homem-placa solar convidaram as pessoas no local para conduzir instrumentos musicais. As fantasias representam temas que carecem de cuidado por parte do governo federal. (Fotos disponíveis em http://greenpeace.org.br/fotos/barulhao/)

A pecuária é o principal vetor atual do desmatamento na Amazônia – uma fonte importante de gás carbônico (CO2), que provoca o aquecimento global. Na outra ponta, os oceanos são reguladores climáticos, por absorver o CO2 do ar. Criar unidades de conservação pode ajudá-los a manter essa característica. Energias renováveis, como a solar, por sua vez, são viáveis, não geram gases do efeito estufa e podem substituir as usinas termelétricas fósseis e nucleares instaladas no país. Contudo, o Brasil está atrasado nesses campos: a floresta continua sendo derrubada, apenas 0,4% do território marinho-costeiro brasileiro está sob proteção e existe pouco ou nenhum tipo de incentivo à geração de eletricidade por meios de novas fontes renováveis.

A ação faz parte da semana de mobilização pelo clima, que o Greenpeace organiza até amanhã (22 )para chamar a atenção da população em torno das mudanças do clima e cobrar compromissos efetivos do governo brasileiro na 15ª Conferência do Clima, em Copenhague (Dinamarca).

Para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, que causam as mudanças do clima, o país precisa zerar o desmatamento da Amazônia, garantir que pelo menos 25% da eletricidade gerada seja a partir de novas fontes renováveis e proteger 30% de sua zona costeira. “O governo brasileiro pode assumir um papel de liderança nas discussões internacionais sobre mudanças do clima, mas para isso precisa adotar uma postura mais ambiciosa”, diz João Talocchi, coordenador da campanha de clima. “Faltando menos de 80 dias para a reunião de Copenhague, não há propostas concretas para reduzir as emissões brasileiras e as políticas nacionais para a Amazônia, os oceanos e o setor de energia vão na contramão do que é necessário para solucionar a crise climática.”

A participação dos líderes globais é essencial para garantir que um acordo seja estabelecido na conferência. Ontem, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou sua intenção de participar. Lula, por sua vez, ainda não se pronunciou.

Hoje é o “The Global Climate Wake Up Call”, quando milhares de ações em todo mundo buscam mobilizar a sociedade para garantir que governantes tratem da crise climática. No Brasil, a iniciativa é parte da TicTacTicTac, aliança de organizações não-governamentais, sindicatos, grupos religiosos e pessoas, da qual o Greenpeace faz parte, que busca mobilizar organizações, redes e a sociedade para pressionar os governos a se posicionarem a favor de um acordo justo, ambicioso e comprometido.

Cristina Amorim e Vânia Alves