As águas quentes da ilha da Prata, na costa do Equador, se transformam entre junho e setembro em um paraíso que atrai centenas de baleias jubarte que chegam da Antártida.

Estima-se que mais de 2 mil mamíferos cetáceos deixam esse gélido habitat para seguir mais de 16 mil quilômetros até as águas equatoriais no oceano Pacífico, margeando a América do Sul por Peru e Colômbia e passando pela Costa Rica até chegar ao México.

Muitas delas ficam no mar do Equador, na costa da província de Manabí, onde encontram condições propícias para se alimentar, acasalar e reproduzir.

A confluência na linha equatorial das correntes fria de Humboldt e quente do El Niño transformam essa zona marinha em uma banheira morna, ideal para os grandes cetáceos. Sua presença foi aproveitada pelo homem e o mercado turístico, que viu um bom negócio nas danças e saltos espetaculares destes animais.

Centenas de baleias jubarte são atraídas pelas águas quentes da ilha da Prata

Centenas de baleias jubarte são atraídas pelas águas quentes da ilha da Prata

Em determinados momentos do dia, as jubartes protagonizam um espetáculo sem igual, com saltos acrobáticos com seus corpos de até 15 metros de comprimento e 30 toneladas de peso.

Elas costumam aparecer muito perto da ilha da Prata, situada a 40 quilômetros ao oeste de Puerto López e cujas características são muito parecidas às de Galápagos, afastadas quase mil quilômetros no oceano.

Em Puerto López são oferecidos dois pacotes turísticos: um para ver as baleias no mar e outro que inclui uma visita à ilha da Prata. O primeiro passeio custa cerca de US$ 20 e dura quatro horas, e o segundo custa US$ 40 e leva o dobro do tempo.

Milaidy é uma jovem guia que oferece os tours a centenas de turistas que visitam o dique de Puerto López, onde dezenas de barraquinhas oferecem comidas típicas como frutos do mar e bebidas feitas com frutas exóticas.

Os estrangeiros preferem o trajeto até a ilha da Prata, onde conseguem se aproximar de Galápagos, carro-chefe do turismo equatoriano. Milhares de aves vivem nesta ilha, como atobás de patas azuis, gaivotas, alcatrazes e albatrozes.

A ilha faz parte do parque nacional Machalilla e é protegida pelo Estado. Ninguém mora no local, embora possua um posto para abrigar os guardas do Ministério do Turismo, que zelam pela conservação.

 

Baleia jubarte exibe sua cauda; ilha da Prata faz parte do parque nacional Machalilla

Baleia jubarte exibe sua cauda; ilha da Prata faz parte do parque nacional Machalilla

Gallo, um dos guias turísticos da zona, disse que há duas versões para explicar o nome ilha da Prata. A primeira tem a ver com os supostos tesouros escondidos nela pelo pirata Francis Drake, famoso no século 15 por atacar navios espanhóis.

No entanto, a versão mais aceita é a de que os marinheiros a batizaram assim porque em dias ensolarados a avistavam, de longe, brilhando como prata, por causa do reflexo provocado pela grande quantidade de estrume de milhares de aves que povoam sua extensão.

O guia lembra que no passado muitas pessoas exploraram a ilha em busca dos supostos tesouros de Drake, mas ninguém sabe se eles foram encontrados ou não.

Contudo, segundo Gallo, o verdadeiro tesouro da ilha é sua esplendorosa vida natural, sua mata tropical seca e as baleias jubarte.

Por ser uma área protegida, há restrições para que barcos turísticos realizem a travessia entre Puerto López e a ilha. Cada embarcação pode transportar no máximo 18 visitantes por viagem.

O aumento do turismo e da pesca artesanal em alta temporada levou as autoridades a aplicarem leis rígidas para minimizar os efeitos das atividades humanas sobre os cetáceos.

Apesar de tudo, são as baleias jubarte as verdadeiras donas da imensa “piscina” que as aguarda todos os anos na costa equatoriana.

 

Fonte: Folha.com