O Ministério de Cultura italiano assinou na terça-feira (29) um acordo com a Unesco para impulsionar o mecenato privado internacional com o objetivo de restaurar e preservar a jazida arqueológica de Pompeia, depois dos danos sofridos por várias construções.

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) se compromete no documento a buscar patrocinadores privados para o Projeto Extraordinário e Urgente de Restauração e Conservação de Pompeia, segundo o embaixador e conselheiro italiano dessa agência da ONU, Francesco Caruso.

O acordo, que será oficial nos próximos dias, também prevê que a Unesco colabore com seus analistas científicos na execução do plano de preservação da Pompeia, e que ajude a traçar um plano que supere os dez anos que contempla o projeto atual.

“Há cerca de 150 ‘domus’ (casas) em perigo” em Pompeia, afirmou Caruso. A zona arqueológica em questão já sofreu desmoronamentos e diversos danos nos últimos dois anos.

Alguns dos casos mais famosos foram a queda de um dos muros do pátio da Casa do Moralista e o da Casa dos Gladiadores em 2010, que datava do ano 62 d.C.

Para frear a deterioração da cidade romana engolida pela cinza vulcânica depois da erupção do Vesúvio no ano 79 d.C., o novo plano conta com 105 milhões de euros (R$ 256,2 milhões) provenientes de fundos da União Europeia (UE), que se somam aos 25 milhões euros (R$ 61 milhões) que o Governo italiano destina anualmente à preservação do lugar.

Jorge Araújo/Folhapress
Estátua nas ruínas de Pompéia, cidade italiana que foi soterrada pelas lavas do vulcão Vesúvio em 79 d.C.
Estátua nas ruínas de Pompéia, cidade italiana que foi soterrada pelas lavas do vulcão Vesúvio em 79 d.C.

Os impulsores do plano esperam que a esses números se somem agora os patrocinadores privados. Para que a ideia se torne realidade, recorreram à associação de grandes empresas do bairro de negócios da Défense, nos arredores de Paris. Com isso, espera-se reunir até 10 milhões de euros anuais (R$ 24 milhões), disse o principal responsável, Philippe Chaix.

Duas empresas privadas napolitanas e o governo da região de Campânia assinaram na terça-feira (29) um acordo para valorizar o território que rodeia as jazidas de Pompeia, Herculano e Stabia, cidades que também sucumbiram à mesma erupção vulcânica. Essa iniciativa pretende impulsionar as infraestruturas de transporte e hotelaria dessa área para fomentar o turismo local, segundo Caruso.

Os empresários não descartam que parte desses benefícios possam ser destinados à preservação dos 440 mil metros quadrados de Pompeia que a Unesco tem catalogados como patrimônio da humanidade.

As críticas à gestão da região arqueológica causaram a saída, em março deste ano, do ministro de Cultura italiano, Sandro Bondi, que atribuiu as derrubadas em Pompeia às fortes chuvas, enquanto a oposição se queixava da falta de fundos que o governo tinha destinado à cultura e, especialmente, a essa jazida.

fonte: folha de sp