Cenário econômico desafiador exigirá de Dilma medidas impopulares e mais eficazes, aponta revista

Caso Palocci e inflação teriam colocado fim na lua de mel de Dilma com o Brasil (Antonio Cruz/ABr)

Caso Palocci e inflação teriam colocado fim na lua de mel de Dilma com o Brasil (Antonio Cruz/ABr)

Ao longo da última semana, a economia brasileira teve destaque na imprensa nacional. Após ser tema de um artigo sobre uma possível bolha no jornal britânico Financial Times, chegou a vez da revista Economist dedicar duas extensas matérias da edição que estará nas bancas neste fim de semana aos questionamentos que cercam o cenário econômico nacional. De acordo com a publicação, a presidente Dilma Rousseff está sob um fogo cruzado político e econômico que a obrigará a iniciar uma nova fase de governo – não muito popular. “A lua de mel que Dilma Rousseff desfrutou desde que assumiu a presidência do Brasil, de uma hora para outra, acabou”, escreve o semanário, citando a inflação incessante somada ao caso Palocci.

Segundo a reportagem, o governo Dilma vem tentando conter o crescimento econômico de maneira muito “suave”, mesmo com o aumento de 1,25 ponto porcentual na taxa básica de juros ocorrido ao longo de seus primeiros meses de governo. E, enquanto o Ministério da Fazenda utiliza o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para tentar conter a entrada de capital estrangeiro e a captação dos bancos nacionais no exterior, as instituições continuam prevendo o aumento do crédito em mais de 15% em 2011. A adoção de medidas impopulares e mais eficazes para conter o crédito, como redução de parcelas de financiamento e aumento maior de juros ajudariam a conter a demanda, relata a Economist.

O alcance da meta de 3,3% de superávit primário nos primeiros meses do ano não foi visto pela revista como vitória econômica, e sim como mais um resultado do aumento da arrecadação, enquanto o governo continua gastando mais ( alta de 13%) do que no início de 2010 – ano em que não houve aperto fiscal.

O único sinal de possível desaceleração seria o último dado da produção industrial, que recuou 2,1% em abril – influenciada mais pela força do real prejudicando a indústria do que pela queda do consumo.

Diante desse cenário, a revista coloca a inflação acumulada em 12 meses, de 6,5%, como risco real de se tornar uma tendência impregnada na economia, como nos tempos aparentemente esquecidos de hiperinflação. O caso Palocci e a turbulência econômica que ressurge em forma de aumento de preços são desafios que exigirão um novo perfil de governo, mais firme e impopular, sugere da publicação.

Fonte: VEJA