Estrada que cortará reserva indígena no país será pauta de encontro com Evo Morales
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Integrantes do movimento indígena da Bolívia criticaram ontem a visita do ex-presidente Luiz Inácio da Silva a Santa Cruz, onde o petista falará hoje em um um fórum patrocinado pela OAS, construtora responsável pela estrada que cortará um parque nacional no norte do país.
Lula chegou ontem e teria um encontro com o presidente Evo Morales para tratar da rodovia de 306 km, que receberá US$ 322 milhões em financiamento do BNDES.
“O ex-presidente Lula tem direito de ir onde quiser. Mas como se aprova um crédito sem consenso com as comunidades?”, disse à Folha Rafael Quispe, presidente da Conamaq, organização indígena do país.
Quispe é uma das lideranças da marcha iniciada há 15 dias contra a estrada. Os manifestantes afirmaram ontem que o governo rompeu o ensaio de diálogo sobre o tema e decidiram retomar a caminhada em direção a La Paz.
“A aliança entre Evo e Lula mostra que eles trabalhararam para administrar interesses das burguesias”, diz o sociólogo e ex-constituinte do partido de Morales Raúl Prada. Morales tem acusando a marcha de tentar desestabilizar seu governo em conluio com a agência de cooperação dos EUA, USaid.
Tanto o governo brasileiro como a construtora, segundo a Folha apurou, esperam que Lula aconselhe Morales a conduzir negociações com o movimento indígena.
O ex-mandatário brasileiro lançou ao lado de Morales, em 2009, o projeto da estrada. De acordo com o plano inicial, a rodovia atravessará território indígena de um milhão de hectares e onde vivem três etnias.
fonte: Folha de SP