E também de Tom Hanks, Charlie Sheen, Robert Downey Jr e muitos outros além do protagonista de ‘Os Pinguins do Papai’. Mas não consegue viver só de dublagem
“Sempre que eu vou a outros países fazer promoções dos meus filmes, conheço os dubladores. Acho incrível como alguns conseguem ter a voz igual a minha. Parece que eu estou me ouvindo através daquela pessoa. Não conheço o Marco Ribeiro, que dublou a maioria dos meus filmes aqui. Não sei se dará para conhecê-lo desta vez. Vou andar pela rua de orelha em pé para ver se ouço a minha voz em algum brasileiro e vou perguntar se ele é o Marco”, brincou Jim Carrey na entrevista coletiva de divulgação do filme Os Pinguins do Papai, que estréia hoje em circuito nacional.
Entre participações em programas de tevê, entrevista coletiva, pré-estréia e sessões especiais para crianças, e sem nenhuma iniciativa da produtora para promover o encontro, o ator canadense acabou não encontrando a sua “versão brasileira”, em sua passagem pelo Brasil, esta semana.
A frustração ficou, é claro, foi de Marco Ribeiro. Desde que soube da vinda de Carrey ao Brasil, o dublador começou a imaginar o que falaria para o canadense se o conhecesse. “Para mim teria sido uma grande emoção encontrá-lo. Gostaria de dizer-lhe que, de certa forma, eu também faço parte da vida dele. Eu também diria que ele é um ator muito bom, mas muito difícil de dublar. Pediria para ele maneirar na interpretação e nas caretas para facilitar o trabalho dos dubladores”, diz Marco no tom de brincadeira à la Jim Carrey.
Até hoje, Ribeiro nunca chegou perto de uma estrela hollywoodiana a quem tenha emprestado a voz. E são muitos. Além de Jim Carrey, em 26 anos de profissão, ele já dublou,Tom Hanks, Robert Downey Junior, Charlie Sheen, Sean Penn, Antonio Banderas, Mike Myers, Kiefer Sutherland e Kevin Bacon, entre muitos outros entre muitos outros galãs, heróis e comediantes. Porém, ele acredita que a tendência é que nos próximos blockbusters as distribuidoras adotem como estratégia de divulgação a presença de dubladores brasileiros nos lançamentos das produções cinematográficas, devido o grande aumento do interesse do público pelos filmes falados em português.
“Até o início dos anos 2000 eram dublados dois ou três filmes por ano para o cinema. Atualmente são pelo menos dois por mês. Isso dá 24 filmes por ano. E não são somente desenhos e filmes infantis. Hoje mesmo eu dublei o novo filme do Tom Hanks, Larry Crowne – O Amor Está de Volta, uma comédia romântica para adultos, que ele faz com a Julia Roberts e que deverá entrar em cartaz nos cinemas brasileiros no próximo mês”, revela.
O ator de 41 anos diz estar vivendo um momento especial na carreira, a reboque do sucesso recente dos protagonistas de Sherlock Holmes e Homem de Ferro 2 (Robert Downey Junior), Toy Story 3 (Tom Hanks/Woody) e ‘Karate Kid’ (Jack Chan). Marco também está animado com duas novidades que soube há poucos dias, as continuações de Karate Kid, e Hancock, no qual faz a voz de Will Smith.
Empolgado com a profissão, Ribeiro não se cansa de repetir que se sente privilegiado em trabalhar com a voz diariamente. Porém, diz ele, mesmo sendo um dos profissionais mais requisitados do país, não consegue viver somente de dublagem. Marco revela que para realizar a versão brasileira do protagonista de Pinguins do Papai ganhou menos de dois mil reais.
Para complementar a renda, Marco faz locuções para vários comerciais de tevê e rádio. Com esses trabalhos fez o pé de meia para, há dez anos, montar o seu próprio empresa de dublagem, a Audio News. No estúdio, que funciona no Rio de Janeiro, ele ganha dinheiro como empresário e diretor das produções. Entre outros trabalhos, Ribeiro dirige os próprios colegas na versão brasileira de ‘Os Simpsons’. Como diretor Marco não resiste a se escalar para pequenas participações no desenho, além de há anos ser dublador fixo de Oto, o transloucado motorista do ônibus da escola primária de Sprinfield.
fonte: VEJA