O mercado global dos créditos de carbono resultantes da plantação e preservação de florestas, que até agora vale quase US$ 150 milhões, pode parar sem uma nova lei climática dos EUA ou um tratado global que substitua o Protocolo de Kyoto, disse nesta quinta-feira o relatório intitulado Estado dos Mercados de Carbono Florestal-2009.
“No fim de 2009, o mercado para o carbono florestal permanece em uma posição incerta, à beira de um crescimento potencialmente enorme. Em meio a este cenário de oportunidade e risco, investidores continuam de olho no carbono florestal, embora muitos estejam esperando sinais regulatórios mais definitivos antes de dar um salto financeiro”, diz o texto.
Embora a conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em Copenhague, em dezembro, não tenha definido um novo tratado de cumprimento obrigatório para a redução das emissões de gases do efeito estufa, os EUA prometeram naquele evento US$ 1 bilhão para promover o sistema Redd (Redução de Emissões pelo Desmatamento e Degradação). Muitos países se comprometeram politicamente com este mecanismo de US$ 3,5 bilhões, que também tem entre seus contribuintes Austrália, França, Japão, Noruega e Grã-Bretanha.
O projeto de lei dos EUA para a redução de emissões também está parado no Congresso, e agentes do mercado consideram sua aprovação neste ano como vital para os investimentos. A despeito dessa incerteza, o mercado do carbono florestal quase quintuplicou desde 2006 – passou de US$ 7,6 milhões em 2006 para US$ 37,1 milhões em 2008, depois de atingir 40,5 milhões no ano anterior, segundo a empresa Ecosystem Marketplace, autora do estudo.
O relatório diz que, no primeiro semestre de 2009, o mercado do carbono florestal movimentou 21 milhões de dólares. O preço médio era de 7,88 dólares por tonelada de carbono não emitido ou capturado. Na Nova Zelândia, o valor chegou a 10,24 dólares. O mercado “varejista” das compensações voluntárias de emissões de carbono, que costuma ser desregulamentado e algo opaco, tem preços médios de 8,44 dólares por tonelada. Na Bolsa de Chicago, única no mundo que comercializa esses créditos voluntários, o valor ficou em torno de US$ 3,03 dólares por t.
Até o junho de 2009, o mercado havia comercializado o equivalente a 20,8 milhões de t em créditos, representando 2,1 milhões de hectares de florestas, avaliadas em cerca de US$ 149,2 milhões, segundo o relatório. A América do Norte ficou com 39% desse total (US$ 32 milhões), seguida pela América Latina (22%, ou US$ 35,5 milhões), Austrália (16%; US$ 37,8 milhões) e África (11%; US% 20,9 milhões.
Ásia e Europa conseguiram apenas 6 e 4% do volume total, respectivamente. O relatório disse que, nas florestas protegidas por esse mecanismo, os principais motivos do desmatamento são a exploração comercial (23%) e o desenvolvimento agrícola (19%). Na América Latina, havia grade pressão também da pecuária, da extração ilegal de madeira, do desenvolvimento urbano e da exploração de gás e petróleo.
Agência Reuters