Em comparação aos clubes de Argentina, Paraguai e Uruguai que estão nas semifinais da Libertadores, Santos é uma máquina de fazer e gastar dinheiro
DE SÃO PAULO
As semifinais da Libertadores, que começam amanhã, expõem o abismo que há entre o Santos e os demais times que chegaram até essa fase do torneio continental.
O único clube brasileiro vivo na competição é uma máquina de fazer e gastar dinheiro, se comparado ao paraguaio Cerro Porteño (seu adversário nesta fase), ao uruguaio Peñarol e até ao argentino Vélez Sarsfield.
A distância é um reflexo do que ocorre no Mercosul, bloco econômico do qual fazem parte os mesmos países, e que tem o Brasil com uma economia muito mais forte que as de Argentina, Paraguai e Uruguai.
Um bom exemplo da diferença de valores com que lidam esses clubes é a bilheteria. O último jogo do Santos, no Pacaembu, gerou uma renda de R$ 1,3 milhão.
As outras equipes, com ingressos médios muito mais baratos, não chegam nem perto dessa arrecadação.
Oponente do Santos nesta quarta no Pacaembu, o Cerro Porteño é o time de menos tradição nas semifinais. Apesar de estar na 34ª participação na Libertadores, nunca chegou a uma decisão.
A falta de poderio financeiro fez o clube paraguaio perder a sua maior revelação em anos por um valor baixo.
O atacante Juan Manuel Iturbe, 17, já está vendido ao Porto e deve ir à Europa assim que o Cerro fechar a participação na Libertadores.
Os portugueses pagaram R$ 3,5 milhões pelo jogador, que é comparado a Messi nas categorias de base da seleção argentina, país onde nasceu e que escolheu defender -é filho de paraguaios.
Como comparação, a multa rescisória de Neymar, 19, é de cerca de R$ 100 milhões.
Peñarol e Vélez, que se enfrentam na outra semifinal, têm muito mais tradição, mas também lutam contra seus problemas financeiros.
O clube uruguaio, pentacampeão da Libertadores e tricampeão mundial, aceitou negociar seu melhor jogador (o meia argentino Martinuccio) com o Palmeiras por menos de R$ 1 milhão.
O clube fatura cerca de R$ 2 milhões por ano com direitos de TV. O Santos recebeu R$ 32 milhões em 2010 e deve dobrar o valor com o novo contrato, a partir de 2012.
Para manter as contas em dia, o Vélez, que conquistou a Libertadores em 1994, depende em grande parte da venda de seus jogadores.
O balanço do clube em 2010 mostra um passivo de R$ 23 milhões -o sétimo maior entre os 20 times da primeira divisão argentina.
“Vender jogadores é uma política comum”, declara o presidente do Vélez, Fernando Raffaini. “Não há outra alternativa possível.”
Fonte: Folha de S. Paulo