2018/2022
Cartola diz que recusou suborno, mas não puniu corruptor
DE SÃO PAULO

No discurso, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, promete medidas para erradicar casos de corrupção.
Na prática, o dirigente se volta contra denunciantes e deixa claro que nada fez quando esteve diante de um caso de tentativa de suborno.
É o que fica claro em entrevista do cartola concedida ontem, a nove dias de disputar sua reeleição à Fifa.
A entidade está envolvida em escândalos desde o final de 2010. Oito dos 24 membros do Comitê-Executivo foram acusados de pedir favores ou dinheiro em troca de votos na eleição para as sedes da Copa 2018 e 2022.
“Nós precisamos achar uma solução para lidar com o passado… e fortalecer painéis da Fifa para investigar coisas erradas”, afirmou.
Disse que anunciará “fatos” com esse objetivo no Congresso da Fifa, em 1º de junho, dia da eleição, em política de “tolerância zero”.
Mas, na mesma entrevista, o dirigente demonstrou como lida com corruptos.
Contou que, quando era secretário-geral da Fifa, receberam pacote com 50 mil francos suíços (R$ 92 mil) para suborná-lo. O dinheiro foi posto em seu bolso, o que o impediu de recusar na hora.
“Eu entreguei o dinheiro para o diretor financeiro da Fifa, que o pôs na conta corporativa”, disse. Depois, o montante foi devolvido ao corruptor, afirmou o cartola.
Só que Blatter não revelou quem tentou suborná-lo e não houve punição.
Agora, no caso das escolhas das Copas de 2018 e 2022, afirmou estudar medidas contra quem tornou públicas acusações contra a entidade. São cartolas ingleses e o jornal “Sunday Times”.
Blatter disse que quer restaurar “a imagem da Fifa”. Está há 13 anos no poder, e os escândalos se acumulam.

Fonte: Folha de S. PAulo