JAC renova contrato por mais um ano com Faustão; chinesas e coreanas aumentam disputa em setor concentrado
Sul-coreana Hyundai é a recordista em mídia, com R$ 1,2 bilhão no ano; Chery explora futura fábrica no país
VENCESLAU BORLINA FILHO
de são paulo
A montadora chinesa JAC renovou por mais um ano o contrato com seu garoto-propaganda, o apresentador de TV Fausto Silva, 61. Porém, para o próximo ano, o discurso de Faustão deve mudar nos comerciais da empresa.
Ele vai destacar a tecnologia embutida nos motores chineses e o baixo consumo de combustível, mas sem deixar de lado o tripé usado até agora pela marca, do carro com preço baixo, completo e com seis anos de garantia.
A estratégia da montadora é avançar na construção de identidade com o consumidor, assim como fizeram ao longo dos anos empresas como Volkswagen, Ford, Fiat e GM (General Motors).
No caso da sul-coreana Hyundai, a estratégia para se relacionar com o consumidor vem das pesquisas que destacam o melhor dos seus produtos -design e tecnologia. O objetivo é inserir as opiniões nas ações de marketing.
Não à toa, a montadora é a recordista de investimentos em mídia no setor. Neste ano, serão R$ 1,2 bilhão. O caso é discutido nas universidades de publicidade e marketing como exemplo de construção de uma marca.
A Chery, outra montadora chinesa que acabou de chegar ao Brasil, vai explorar o argumento da produção no país para se aproximar dos consumidores. Para isso, pretende gastar ao menos
US$ 20 milhões.
“Tudo isso faz parte de um esforço publicitário das marcas, que se confrontam diariamente com indústrias tradicionais e de grande share [fatia] de mercado”, diz Marcelo Boschi, professor professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Segundo ele, a razão para tudo o “esforço” é a falta de credibilidade que as marcas ainda têm. “O mercado brasileiro é extremamente concentrado e impede a pulverização das marcas entre os consumidores. Por isso esse esforço na mídia”, disse.
Para Boschi, é impossível fixar um prazo para que as marcas consigam uma identidade com o consumidor. Enquanto isso, a alternativa é fazer a venda por atributo. “Eles ressaltam o que tem de melhor para quebrar a lógica da compra”, disse.
BRASIL
Outra fórmula usada pelas montadoras recém-chegadas ao país é a produção local. A JAC anunciou a fabricação do primeiro carro em solo brasileiro em 2014. Para se antecipar, lançou uma série de veículos intitulada “Brasil”.
A única diferença entre os veículos da série e os demais foi o banco de couro e os tapetes. Mas o que se destaca mesmo é o logo, abaixo do nome do veículo, nas cores verde e amarela da bandeira.
Segundo o presidente da JAC no Brasil, Sérgio Habib, para 2012, a montadora vai repetir os investimentos em publicidade deste ano. Ao todo, serão R$ 120 milhões.
Para ele, as campanhas com o Faustão foram determinantes para o conhecimento da marca no Brasil. “Por isso tem gente que acha até hoje que o Fausto Silva é sócio da JAC no Brasil”, disse.
Com relação a outras marcas, como Ssangyong, Chana, Effa e Lifan, a presença na mídia é pequena, mas deverá crescer com o aumento na divisão do bolo de mercado. “Elas precisam estar bem estruturadas, com uma rede de concessionárias ampla. Só assim para partir para a mídia”, disse Boschi.
fonte: folha de sp