O montanhismo é milenar e no passado era motivado por peregrinações e até caça. Hoje, porém, é definido como esporte e praticado regularmente em várias partes do mundo por mais de três milhões de pessoas em 68 países, segundo a União Internacional das Associações de Alpinismo (UIAA).

Chegar ao topo de qualquer montanha requer planejamento, preparo físico e mental, conhecimento técnico e muita energia e os praticantes garantem que não há sensação igual. Por isso, reunimos aqui algumas informações essenciais. Além da segurança, o montanhismo requer o mínimo de impacto ambiental, afinal, quem se diverte ou trabalha na natureza, precisa ser responsável por preservá-la também.

A expedição inteira requer atenção! Se você quer praticar montanhismo e não sabe ainda por onde começar, fique atento às dicas desse post. A boa notícia é que existem diversas empresas de escalada e montanhismo no Brasil que são qualificadas para te ajudar a chegar ao seu objetivo. Você pode começar em locais como o Parque Nacional Itatiaia (SP-RJ) ou a Serra do Cipó (MG), para depois alcançar picos mais altos.

Tipos de montanhismo

Segundo a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), da qual fazem parte 36 federações estaduais, associações e clubes, omontanhismoabrangeasseguintesatividadesesuaspráticas derivadas: caminhadas em montanha (de curta e longa distância, eventualmente incluindo pernoites); escalada em rocha(esportivaetradicional); escalada em gelo e neve; alta montanha; bouldering (sem cordas) e escalada esportiva.

Às vezes as expedições requerem dias de acampamento ou aclimatação. Sendo assim, o itinerário e o planejamento são essenciais, bem como a escolha dos diferentes itens necessários para cada destino. Os equipamentos e acessórios mais utilizados para a modalidade em rocha são corda dinâmica, que suporta quedas de maneira mais suave, cadeirinha (baudrier), sapatilha, capacete, mosquetões, pó de giz e ainda aparelhos para rapel (descida), ascensão e abertura de vias (caminhos). Já para gelo e neve vale investir em excelentes botas e roupas térmicas e impermeáveis, além de gorro, óculos escuros, luvas, piolet e, é claro, corda, cadeirinha e capacete também.

História

A primeira documentação de que se tem notícia sobre a chegada no pico de uma montanha é do ano de 1336, quando o poeta italiano Petrarch alcançou o topo do Monte Ventoux, na França. Desde então, a história do montanhismo tem sido registrada em várias partes do mundo.

Entre os pontos marcantes da história está a chegada ao cume do Everest, a montanha mais alta do planeta, com 8.848m de altura. As primeiras expedições foram realizadas a partir de 1921, mas apenas 22 anos depois e diversas tentativas frustradas é que o sherpa Tenzing Norgay e o neozelandês Edmund Hillary conseguiram alcançar o topo em 29 de maio de 1953.

A saga abriu terreno para que mais pessoas realizassem o feito e estima-se que cerca de mil pessoas todos os anos tentam chegar ao topo do Everest. Entre os brasileiros, os primeiros que conseguiram foram o fluminense Mozart Catão e o paranaense Waldemar Nicleviz, em 1995, e atualmente os títulos de mais jovem e mais velho do país a conquistarem o feito pertencem, respectivamente, a Ayeska Zangaro, de 23 anos, e seu pai Renato Zangaro, de 60 anos, que estiveram lá agora em abril de 2018. Outros nomes que merecem destaque são Irivan Burda, Vitor Negrete, Ana Boscarioli, Rodrigo Raineri, Eduardo Keppke, Manoel Morgado, Cleo Weidlich, Carlos Santalena, Carlos Canellas, Karina Oliani, Jefferson dos Reis, Cristiano Muller, Rosier Alexandre e Thaís Pegoraro.

Escalada Clássica

Montanhismo também é comumente chamado de alpinismo, que recebe esse nome em homenagem aos Alpes suíços. Para os europeus, Alpinismo também é sinônimo de escalada clássica, com o mínimo de equipamento, sem uso de oxigênio suplementar ou ajuda de sherpas (moradores do Himalaia que vivem em altitude e ajudam nas expedições).

Essa prática desafiadora é indicada apenas para profissionais muito experientes. No Brasil, o casal Paulo e Helena Coelho é referência no esporte e até já recebeu um prêmio da Unesco por fair play, ao abandonar o ataque ao cume do Everest em 2002 para salvar a vida do alpinista português João Garcia.

Projeto 7 Cumes

Além de chegar ao topo das mais altas montanhas do planeta, montanhistas experientes contam ainda com um famoso desafio: O Projeto 7 Cumes, ou Seven Summits, em inglês.

Como o próprio nome diz, o projeto, criado pelos alpinistas reúne os maiores picos do planeta, sendo o maior de cada grande região: África, América do Norte, América do Sul, Antártica, Ásia, Europa e Oceania.

O primeiro montanhista a registrar esse feito foi o texano Richard Bass, em 30 de abril de 1985. Aos 55 anos ele alcançou o cume do Everest e já havia escalado o Aconcágua (Argentina), Denali (Alasca), Elbrus (Rússia) Kilimanjaro (África), Kosciuszko (Austrália) e Vinson (Antárctica).

Mas a lista mais famosa e usada até hoje foi criada pelo italiano Reinhold Messner, e conta com as seguintes montanhas:

– Everest (8848 m), Nepal, Ásia

– Aconcágua (6962 m), Argentina, América do Sul

– Denali (6194 m), Alasca, América do Norte

– Kilimanjaro (5891 m), Tanzânia, África

– Elbrus (5642 m), Rússia, Europa

– Vinson (4892 m), Antártica

– Carstensz (4884 m), Papua, Oceania

Waldemar Niclevicz foi o primeiro brasileiro na história a completar os Sete Cumes, em 1997. Já a primeira mulher brasileira a realizar o feito é Ana Elisa Boscaroli, em 2014.

Escalada em rocha

O Brasil está repleto de locais interessantes para escalada em rocha, seja a tradicional, com cordas, ou a boulder, em alturas menores e sem corda. Muitos deles ficam em Parques Nacionais, como Itatiaia e Serra dos Órgãos.

Há ainda a arriscada e temida modalidade solo, sem proteção e a big wall, que implica em pernoites na montanha, com sacos de dormir que ficam pendurados.

Escalada esportiva

Quem quer aprimorar técnicas ou ainda não se sente pronto para partir para a rocha pode escalar em academias indoor, como as paulistanas 90 Graus e Casa de Pedra. Há muitas opções por todo o Brasil e muitas delas organizam campeonatos reconhecidos pela Associação Brasileira de Escalada Esportiva.

Vale lembrar que esta modalidade virou olímpica e que estreará pela primeira vez nos Jogos de Tóquio, em 2020.

Vai lá

UIAA – União Internacional das Associações de Alpinismo

https://www.theuiaa.org/

CBME – Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada

http://www.cbme.org.br

ABEE – Associação Brasileira de Escalada Esportiva

http://www.abee.net.br/