Pela terceira vez consecutiva, foi renovado o compromisso público do setor produtivo de soja de não comprar o produto cultivado em áreas desmatadas da Amazônia após julho de 2006. Conhecido como “moratória da soja”, o acordo foi assinado hoje (8/7), em São Paulo, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pelas duas entidades que representam mais de 90% da cadeia produtiva da oleaginosa no País: a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Para a ministra, os produtores de soja representam um setor da agricultura brasileira que está promovendo um diálogo adequado com a sociedade, e que está dando o exemplo de como é possível avançar economicamente protegendo os biomas nacionais. “Os resultados são promissores, mas os desafios para se avançar em relação a uma agenda ambiental ainda são muito grandes”, completou.

Izabella ressaltou ainda a adaptação do setor aos novos requisitos dos mercados internacionais, que estão exigindo cada vez mais produtos certificados. Ela citou o exemplo da União Europeia, que passou a comprar apenas madeira certificada do Brasil. Segundo a ministra, isso demonstra que os consumidores internacionais estão cada vez mais exigentes, e que acordos como o de hoje vão permitir que o Brasil antecipe as metas previstas no Plano Nacional de Mudanças Climáticas e atenda às demandas desses mercados.

Durante o evento, foram divulgados os resultados do monitoramento da safra 2009/2010 e a nova metodologia utilizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que identifica com mais precisão se houve cultivo em áreas desmatadas recentemente. Segundo Fábio Trigueirinho, secretário geral da Abiove, o sistema de monitoramento anterior apresentava dados de áreas maiores, mas com a nova técnica, é possível identificar o desmate em áreas a partir de 25 hectares. “Com a utilização de imagens de satélite podemos verificar a possibilidade de plantio em áreas pré-selecionadas pelo Inpe, e depois checamos se existem condições adequadas para a produção na região indicada”, informou Trigueirinho.

Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial de soja em grão, farelo e óleo. O Complexo da Soja, que reúne a cadeia produtiva da oleaginosa, é um dos principais itens da balança comercial brasileira e exportou cerca de US$ 9,5 bilhões em 2005, colocando o País na liderança mundial das exportações do setor em valor.

A primeira moratória da soja foi implementada em julho de 2006 com o objetivo de conciliar o desenvolvimento econômico e a conservação socioambiental no bioma Amazônico. Renovado em 2008, o acordo tem validade de dois anos.

MMA