Brasília foi palco do Seminário Construções Sustentáveis, realizado na quinta-feira, 24, na Câmara dos Deputados. O encontro reuniu especialistas, autoridades públicas e a comunidade acadêmica para debater temas relacionados ao meio ambiente e à adoção de soluções para projetos em arquitetura e urbanismo, buscando a redução de custos e impactos na natureza. O foco da discussão foi a responsabilidade de instituições financeiras e de desenvolvimento em relação ao financiamento de construções sustentáveis no Brasil.
O deputado federal Paulo Teixeira, um dos idealizadores do evento, deu início à cerimônia de abertura esclarecendo conceitos que envolvem o tema sustentabilidade e a importância de adaptações e alternativas para uma construção sustentável. “Não temos o hábito de calcular o custo de gestão das construções. É importante pensar em materiais e métodos que garantem ventilação e conforto térmico, além da captação da água da chuva. No Brasil parece que concreto é sinônimo de desenvolvimento.”
Manter o meio ambiente para as gerações futuras foi a preocupação apresentada por Ivo Bucaresky, chefe de gabinete do ministério do Meio Ambiente. Segundo ele, é fundamental debater os impactos ambientais e evitar mudanças climáticas. “No Brasil temos uma arquitetura mais tropical, o que possibilita aumentar a utilização de equipamentos e materiais sustentáveis. Esse movimento depende de todos: da sociedade, do empresariado e do governo”, afirmou.
Incentivo para a sustentabilidade
Um dos pontos altos do evento foi a participação de representantes de instituições financeiras e os projetos para o setor durante o painel Políticas Públicas e Financiamento. Responsáveis por programas ambientais do Banco do Brasil, Caixa, BNB e BNDES apresentaram ações para impulsionar a construção civil de menor impacto ambiental.
Para o deputado Paulo Teixeira, a importância de tais instituições no debate reside justamente nos critérios que elas definem para a concessão de crédito para as construções. Os requisitos, acredita ele, criarão novos padrões para o setor, como iluminação natural, reaproveitamento de água e uso de energias limpas.
Os investimentos que o Banco do Brasil tem feito na construção sustentável foram abordados por Maurício Messias, gerente executivo da unidade de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil. “Reunir atores em torno do tema é uma vitória. Participar desse movimento e contribuir para o desenvolvimento sustentável é uma satisfação.”
O gerente da área de planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aquiles Poletti Moreira, explicou fundos específicos, linhas e programas de financiamento oferecidos. O BNDES, segundo ele, tem trabalhado para construir situações e subsidiar iniciativas sustentáveis. Um dos exemplos, como citou, é o Programa Minha Casa Minha Vida.
Jean Rodrigues Benevides, gerente nacional de Meio Ambiente da Caixa Econômica Federal, apresentou o fomento que a instituição oferece ao desenvolvimento sustentável, como infraestrutura urbana e energética e linhas de crédito para a ecoeficiência empresarial. Medição de gastos, plantio de árvores, aquecedores solar de água, medição individual de água e gás. Citou o Selo Caixa Azul, parcerias e projetos de pesquisa.
Apesar do setor da sustentabilidade ser ainda pouco representativo para a instituição, é observado com interesse para a movimentação do setor em relação ao PIB, afirmou Roberto Smith, presidente do Banco do Nordeste. “O nosso novo papel diz respeito a soluções de financiamentos especiais para viabilizar a atuação de pequenas e médias empresas em empreendimentos habitacionais. Buscamos empresas com tecnologias sustentáveis e adequadas à habitação de baixa renda para incentivar a construção sustentável e desenvolver a capacidade competitiva”, explicou Smith.
Como funciona na prática
O painel O Desenvolvimento Sustentável e a Cidade, primeira atividade da tarde de quinta-feira, foi mediado pelo deputado federal Cassio Taniguchi. Após contestar o fato da população mundial nas cidades consumir 75% da energia e produzir 80% dos gases do efeito estufa, ele defendeu a criação de oportunidades para utilização de tecnologias sustentáveis. “Precisamos definir potenciais e metas para que em 2030 seja possível produzir menos gás no país. Temos que trabalhar não só nas construções, mas em seu entorno. A gestão tem que ser levada em conta”.
A mestre em design ambiental Filomena Russo ressaltou a importância em aprender lições e adaptar a cada país experiências de sucesso. A especialista apresentou modelos de construções sustentáveis em todo o mundo, especialmente na Inglaterra, onde vive e trabalha. Segundo ela, as soluções verdes são uma alternativa para fugir do controle climático de forma mecânica.
As divergências da sustentabilidade foram o ponto alto da palestra de Fabiano Sobreira, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniCEUB. O acadêmico explicou a procedência de selos ecológicos e a maneira de certificar edifícios. “Em um debate como esses, é preciso também avaliar armadilhas e riscos da onda verde”, completou.
Também estiveram presentes no evento representantes da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, do ministério do Meio Ambiente, do Conselho Brasileiro de Arquitetura Sustentável (CBCS), entre outros.
Assessoria de Imprensa