O novo Museu da Acrópole foi inaugurado neste sábado em Atenas em meio a uma grande expectativa e com a esperança renovada de conseguir a restituição à Grécia dos mármores do Parthenon, que atualmente estão no Reino Unido. As autoridades britânicas boicotaram o evento.

A inauguração ocorreu diante de 300 convidados, como o presidente da Comissão Europeia (órgão Executivo da União Europeia), José Manuel Durão Barroso, e o secretário-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Koichiro Matsuura.

As grandes ausências foram os representantes do Reino Unido, que rejeita, há anos, devolver dezenas de peças da Acrópole, expostas no British Museum de Londres, por afirmar que elas foram obtidas legalmente.

No evento, o presidente grego, Carolos Papoulias, afirmou que “chegou a hora de curar as feridas do monumento com o retorno dos frisos” do Parthenon que estão no Reino Unido. Ele disse que, “após tantos anos de trabalho, todos os países do mundo estavam esperando” que o novo museu da Acrópole estivesse “em plena harmonia com a rocha sagrada”.

O moderno prédio de vidro, cimento e ferro, com 14 mil metros quadrados de espaço de exposição construído no bairro de Makriyannis, a 300 metros da rocha sagrada, abriga mais de 4.000 peças arqueológicas exclusivas da Acrópole e restos das cidades descobertas durante as escavações.

Na cerimônia de inauguração, o ministro de Cultura grego, Antonis Samaras, expressou a esperança em que algum dia essas peças valiosas sejam devolvidas a seu local de origem. Em um ato simbólico de reunificação, o ministro colocou o original da cabeça da deusa Íris sobre a cópia de uma métopa do Parthenon que também está em Londres.

“As peças que não se encontram aqui, as que foram removidas há 207 anos, voltarão. […] Os mármores chamam os mármores”, afirmou. “Não podemos negociar sobre a propriedade dos mármores, nem sobre a nossa dignidade […], nem legalizar o saque de dois séculos atrás. Só podemos apoiar a integridade do monumento”, acrescentou.

O primeiro-ministro grego, Costas Karamanlis, declarou que as autoridades fizeram “hoje um ato fundamental do museu do monumento máximo da civilização antiga”.

Para inaugurar o recinto, Karamanlis colocou o resto de um cântaro para o vinho do século 3 a.C. no chão, coberto por um vidro. O primeiro a passar por cima dele, seguindo o ritual para selar a construção de um recinto nos tempos da Antiguidade, foi o presidente grego.

Um espetáculo de rua acompanhou a abertura com imagens projetadas nos muros externos do recinto de restos arqueológicos que ganhavam vida, acompanhado de música antiga. Os vários pedestres e turistas que se aproximaram desde cedo afirmaram que se tratava de “um espetáculo digno da Acrópole”.

Todos os atenienses com os quais a agência de notícias Efe conversou deixaram transparecer o orgulho que sentem do museu após 33 anos de concursos arquitetônicos, reivindicações e adiamentos pelas descobertas arqueológicos durante a construção do museu, entre 2003 e 2007.

O museu permanecerá aberto a partir deste domingo durante 12 horas para receber, até quarta-feira (24), os primeiros 2.250 visitantes que se inscreveram pela internet. A seguir, serão oferecidas visitas por apenas 1 euro (quase R$ 3) até o fim do ano, pois a partir de 2010 o preço das entradas aumentará para 5 euros (quase R$ 14).

As autoridades gregas, que investiram 130 milhões de euros (R$ 354 milhões) no novo museu, esperam receber 2 milhões de visitantes por ano.

Adriana Flores Borquez
da Efe, em Atenas