A agência espacial americana (Nasa), universidades e grupos privados dos Estados Unidos estão mobilizados para desenvolver sistemas de alerta capazes de localizar com a maior antecedência possível pequenos asteroides potencialmente devastadores, como o que caiu na sexta-feira (15) na Rússia.

A Nasa destacou, no entanto, que um fenômeno desse tipo é raro. “Um incidente dessa amplitude só ocorre, em média, uma vez a cada 100 anos”, revelou Paul Chodas, um dos encarregados do programa espacial para detecção de Objetos Próximos da Terra (NEO, na sigla em inglês).

A Nasa avalia que, antes da entrada do asteroide na atmosfera sobre a Rússia, ele tinha 17 metros de diâmetro e pesava dez toneladas. O impacto dos fragmentos do meteorito deixou mais de mil feridos e provocou uma explosão similar à de 500 mil toneladas de TNT.

“O programa da Nasa se concentra nos últimos anos na detecção de pequenos asteroides, e vários progressos foram alcançados”, revelou recentemente Lindsey Johnson, diretor do programa NEO.

Segundo o especialista, “há dez anos não teríamos podido detectar o 2012 DA14” – asteroide de 45 metros de diâmetro que passou raspando pela Terra também na sexta-feira e, caso caísse no planeta, teria provocado uma grande destruição.

53 fragmentos de meteorito foram encontrados por cientistas na região do Lago Chebarkul, na Rússia, onde cratera de 8 m de diâmetro se abriu no gelo (Foto: Alexander Khlopotov/Universidade Federal dos Urais/AP)

53 fragmentos de meteorito foram encontrados por cientistas na região do Lago Chebarkul, na Rússia, onde cratera de 8 m de diâmetro se abriu no gelo (Foto: Alexander Khlopotov/Universidade Federal dos Urais/AP)

?

Johnson lembrou que esses objetos são numerosos no nosso entorno – cerca de 500 mil –, enquanto é difícil acompanhá-los por causa de seu tamanho pequeno.

De acordo com uma meta fixada pelo Congresso americano em 1998, a Nasa descobriu e classificou cerca de 95% dos asteroides com mais de 1 km de diâmetro que estão nas proximidades da órbita terrestre e ao redor do Sol, sendo capazes de provocar destruições apocalípticas.

Atualmente, o NEO detecta e acompanha asteroides e cometas que passam perto da Terra com a ajuda de telescópios no solo e orbitais. Os cientistas, então, calculam a massa e a órbita dos objetos para determinar se eles representam perigo.

Por meio desse sistema, o radiotelescópio Arecibo instalado em Porto Rico, com uma antena de 305 metros de diâmetro, pode observar com grande sensibilidade um terço do céu estrelado e detectar asteroides grandes.

Todas as observações de asteroides feitas no mundo por telescópios, inclusive amadores, devem ser transmitidas ao “Minor Planet Center”, organização financiada pela Nasa, dirigida pelo Observatório Astrofísico Smithsonian e vinculada à União Astronômica Internacional.

No entanto, a Nasa se esforça, também em um contexto de ajustes orçamentários, para desenvolver outros sistemas capazes de acompanhar especificamente objetos pequenos. Nesse sentido, a agência destina US$ 5 milhões (quase R$ 10 milhões) a um projeto na Universidade do Havaí chamado Atlas (Asteroid Terrestrial-Impact Alert System).

Segundo os cientistas, o Atlas, que observará todo o céu visível à noite, poderá detectar objetos de 45 metros de diâmetro uma semana antes de seu impacto na Terra. Para os asteroides de 150 metros de diâmetro, esse sistema, que poderá funcionar no fim de 2015, ofereceria um alerta com três semanas de antecedência.

“Nossa meta é encontrar esses objetos e proporcionar um alerta precoce o suficiente para tomar medidas de urgência de proteção à população”, explicou John Tonry, principal encarregado científico do projeto.

No entanto, os esforços da Nasa são considerados insuficientes por alguns antigos astronautas e cientistas que lançaram um projeto no ano passado para financiar, construir e lançar o primeiro telescópio espacial privado que vai acompanhar asteroides e “proteger a humanidade”.

A fundação B612 tenta arrecadar US$ 450 milhões (quase R$ 900 milhões) para construir e deslocar um telescópio espacial que será posto em órbita ao redor do Sol, a 273 milhões de quilômetros da Terra, para descobrir a maioria desses objetos ainda visíveis.