Por Jorge Eduardo Dantas
Natal (RN) – Como fazer com os recursos florestais sejam vistos como geradores de renda e lucro? E como fazer com que esses recursos cheguem “na ponta” das cadeias produtivas amazônicas, formadas predominantemente por famílias que vivem do extrativismo? Este foi o mote da participação do WWF-Brasil no simpósio “Negócios e Áreas Protegidas”, parte da programação do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que ocorre até o fim da semana em Natal (RN).
O superintendente de conservação do WWF-Brasil, Mauro Armelin, subsidiou sua palestra com dados das Reservas Extrativistas Cazumbá-Iracema e Chico Mendes, no Acre, onde a organização desenvolve trabalhos de conservação há dez anos. De acordo com o superintendente, por meio de uma série de incentivos, capacitações e adequações na cadeia produtiva do óleo de copaíba extraído nessas áreas, foi possível aumentar em 300% o valor de comercialização do produto, incrementando a renda das famílias participantes desta iniciativa e possibilitando a extração sustentável do óleo de copaíba.
“Obviamente, este resultado não veio da noite pro dia. Investimos bastante em várias etapas dessa cadeia. Realizamos treinamentos e cursos de formação; compramos kits de manejo; mediamos acordos de produção, especificando preços, locais de entrega, quantidades, transporte e armazenamento de produtos; e investimos também na rastreabilidade e no monitoramento da produção”, declarou o superintendente aos presentes no Auditório Lavoisier Maia.
Fonte de recurso importante
Mauro disse ainda que as Unidades de Conservação brasileira são uma fonte de recurso ainda subutilizada pela sociedade brasileira. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), levando em conta somente a quantidade de carbono estocada e as emissões de gases de efeito estufa evitadas, percebe-se que as Unidades de Conservação contribuem, economicamente, com algo entre R$ 2,9 milhões e R$ 5,8 milhões por ano para o nosso País.
“Em tempos de instabilidade e ataques à legislação ambiental, precisamos lembrar que as Unidades de Conservação podem ser uma importante fonte de recursos, que devem ser reinvestidos em conservação e que podem movimentar a economia de vários pequenos municípios que temos espalhados pelo Brasil”, contou o superintendente.