– O Estado de S.Paulo

O IBGE lançou um novo índice, de preços ao produtor (IPP), que até agora só existia – e com um sistema de captação diferente, não tão detalhado – no Índice de Preços no Atacado, da Getúlio Vargas. O IPP recua até janeiro de 2010 e precisa passar por uma experiência de vários meses para saber se permite prever a evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O presidente do IBGE, no lançamento do índice, foi o primeiro a advertir que não se deve, tão logo, procurar utilizá-lo como indicador antecipatório do IPCA. De fato, o levantamento dos preços é feito diretamente na porta da fábrica – isto é, antes do pagamento de impostos, frete e tarifas – para chegar até a empresa. Isso, dependendo do produto, pode representar uma grande diferença no preço final.

O índice é captado em 1.400 empresas, de 23 setores, para 320 produtos, que representam 60% do faturamento da indústria de transformação. É intenção do IBGE estender sua pesquisa aos produtos agrícolas (o que exigirá um ajuste sazonal que não existe para a indústria de transformação) e, ainda, para os serviços, cuja variedade impõe uma análise cuidadosa e demorada.

Os resultados do IPP divulgados pelo IBGE são interessantes, mesmo levando em conta as considerações acima. Mostram um aumento de 0,60% em fevereiro, ante 0,40% em janeiro e 0,43% em dezembro do ano passado. Quatro produtos apresentaram redução de preços, em 31 setores, o que permite dizer que estamos diante de uma pressão inflacionária generalizada. É interessante que os maiores aumentos no trimestre foram observados nos setores ligados ao vestuário (produtos têxteis, vestuário, artefatos de couro) – se excluímos os produtos químicos, que dependem da importação de petróleo (+1,33%). O resultado acumulado indica para o ano aumento de 1% nos preços em geral.

Mais interessante nos parece a evolução dos preços de fevereiro de 2011, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Para o total da indústria de transformação, tivemos um aumento de 6,21%, com apenas dois setores em que os preços recuaram – produtos de informática e eletrônica e metalurgia -, o primeiro acusando o efeito das importações e o segundo, o excesso de produção mundial, o que atesta o risco de promover um aumento da produção de aço no Brasil.

Os maiores aumentos de preços no período todo pesquisado (2,86%) apareceram no setor alimentício, refletindo o encarecimento dos produtos agrícolas e, como já apontado acima, dos produtos químicos, que dependem da importação do petróleo.

Fonte: ESTADÂO