O Brasileiro é uma tremenda casca de banana para os críticos, pelo sobe e desce constante. Ainda assim, arriscamos a opinar. Então, lá vai. Com a ressalva de que muita bola vai rolar, antes de sair o campeão, já há indícios fortes que sinalizam para onde caminha a briga pelo título. Corinthians e Flamengo são boas apostas. Ambos têm chamado a atenção, pela regularidade, pelos resultados e, de quebra, pela invencibilidade.
Ok, as posições que ocupam no momento estão sujeitas a chuvas, trovoadas, pênaltis, desfalques, polêmicas e até entregadas de rivais na reta final. Só que não é por acidente que se encontram no topo após nove rodadas. Trata-se de fruto de qualidade e empenho.
Seria leviano dizer que Corinthians e Fla encantam. O exagero e a distorção ficam para quem molda sua opinião pelos números do Ibope. Pra ser sincero, infelizmente não há um supertime. O nivelamento dos concorrentes ajuda a entender por que a Série A nacional está entre as mais equilibradas do mundo.
Inegável, porém, é a eficiência que líder e vice-líder mostram até agora. O Corinthians se refez de traumas de início de temporada – sobretudo da eliminação na fase preliminar da Libertadores – e engatou uma quarta. Algum mérito, que vai além da “sorte”, deve ter uma equipe que venceu sete e empatou um de oito jogos disputados. Falta-lhe acertar o ponto da quinta marcha e disparar.
O Flamengo conseguiu engatar a terceira, depois de arranhar a trajetória com empates embaraçosos. Com o 1 a 0 diante do Fluminense, na tarde de ontem, no Engenhão, pôs no bolso a quarta vitória em seguida e mostrou que não será figurante. Exceto se cometer o pecado de gastar todo o gás antes da hora. O que também é comum na elite, pois todo ano tem um ou dois cavalos paraguaios.
O Corinthians tem conjunto forte – e está nesse aspecto uma das explicações para a largada acima da média. Tite conseguiu fazer com que sejam bem coordenadas ações defensivas e ofensivas. Parece coisas simples, mas não é tão fácil ir à frente ou fechar-se, sempre em bloco. Cena corriqueira: ver Ralf, Paulinho, Danilo arriscar chutes a gol, assim como é comum acompanhar Jorge Henrique (ontem Alex), Willian, Liedson recuados quando o time é pressionado. Não há “postes” nesse Corinthians solidário.
Essa característica funcionou contra o Atlético-GO, num desafio complicado. O Corinthians não mandou no jogo; ao contrário, em muitos momentos foi pressionado e teve até uma bola defendida por Júlio César que deu a impressão de ter entrado. Daqueles lances polêmicos que geram discussões intermináveis.
Nas situações mais agudas, o alvinegro não se desesperou. Teve paciência para controlar o ânimo adversário, ficou em vantagem com Willian e dela não se separou até o fim. Amadureceu – e muito.
Serena também tem sido a postura do Flamengo. A turma do profexô Luxemburgo pode não estar afinadíssima, só que passa longe da afobação do Carioca e da Copa do Brasil. Sabe suportar carga, e não foi diferente no clássico. O Flu ficou mais tempo no ataque, sem sucesso. Numa bola, o Fla decidiu. E até a defesa, antes seu calcanhar de aquiles, anda segura. Imaginou se Ronaldinho deslanchasse? Aí seria pedir demais…
Olha a rabeira! Sinal de alerta no Santos. O campeão da Libertadores parece ainda viver a ressaca do título. Tem dois jogos a menos do que os demais, mas só 8 pontos. Pouco. Por isso, ronda a zona de rebaixamento. Está certo que os desfalques pesam. Então, que pedisse adiamento também do clássico de ontem à noite.
O Palmeiras mantém rotina de decepcionar numa hora, como no empate com o América-MG, e empolgar em outra, como na vitória no Pacaembu. O primeiro tempo foi estupendo. Com ritmo forte, atropelou o Santos, fez os três gols, fora outras tantas oportunidades de ampliar. Desacelerou no segundo. O que estará a pensar agora Kléber? Fica ou prefere pegar o bonde andando? História estranha.
Isto é América! É praxe, em grandes competições, que na última rodada os jogos de mesma chave sejam disputados simultaneamente. Por aqui, é diferente. No Grupo A, a Colômbia se garantiu ontem, ao bater a Bolívia. Hoje, a Argentina entra em campo e precisa ganhar da Costa Rica para seguir adiante. Nas chaves B e C, as partidas estão marcadas para o mesmo dia, porém com horários diferentes. Dá pra levar a sério?
Fonte: ESTADÃO