Governo e fabricante apresentam tecnologia para uso de gás natural e diesel
O protótipo do ônibus movido a GNV e diesel: redução na emissão de poluentes (Divulgação)
O governo do Rio de Janeiro apresentou, nesta terça-feira, o protótipo do ônibus com tecnologia flex GNV/Diesel. Os testes com esse tipo de veículo serão feitos este ano, e a proposta é começar a produzi-lo em série já em 2012. O novo sistema emite 80% menos de material particulado – poluentes que formam a fumaça preta exalada pelo cano de descarga – e reduz em 20% as emissões de carbono. Segundo a presidente do Instituto do Meio Ambiente do Rio (Inea), Marilene Ramos, a meta para as Olimpíadas de 2016 é fazer com que mais da metade da frota seja substituída por esse novo modelo de ônibus.
“O Rio tem grandes desafios pela frente, com a Copa do mundo e com os Jogos Olímpicos. Nós nos comprometemos em ter uma cidade menos poluída e, para isso, mudar o padrão do transporte é importantíssimo”, ressaltou Marilene. “A emissão de particulado é hoje um parâmetro crítico, que foi levantado pela comissão avaliadora de nossas candidaturas”, explicou.
A maquete do novo motor é apresentada no Rio: 80% menos fumaça e 20% menos carbono
Os novos veículos poderão rodar com taxa de até 90% de gás natural, que será fornecido pela CEG (Companhia Estadual de Gás). A empresa investirá cerca de 40 milhões em 57 garagens, que abastecerão dois mil ônibus. De acordo com o presidente da CEG, Bruno Armbrust, mais de 50 países utilizam o gás no transporte urbano. O Brasil é o único dos Brics, por exemplo, que ainda não faz uso desse combustível em seus ônibus.
Márcio D’Agosto, engenheiro de transporte da Coppe, da UFRJ, acompanha os estudos feitos sobre combustíveis alternativos. A universidade vai monitorar o desempenho do ônibus. Para ele, há três benefícios nesse projeto. O primeiro é a substituição do óleo diesel por outro combustível – atualmente, o diesel é consumido em 60% dos transportes. “Somos extremamente dependentes dele”, explica o engenheiro.
O segundo aspecto é a redução da emissão de poluentes locais, ou seja, dos materiais particulados. O terceiro fator positivo é o impacto ambiental global, que está ligado ao efeito estufa. “A emissão desses gases é proporcional à redução do consumo de combustível. Se você escolhe o gás, que emite menos dióxido de carbono do que o diesel, você contribui para a redução”, diz.
De acordo com D’Agosto, há viabilidade econômica no projeto, mas não existe, por enquanto, a certeza de que haverá atratividade. Em seus cálculos, o kit para tornar o veículo flex será de, aproximadamente, 30 mil reais – 10% do valor de um coletivo. Para Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, empresa que desenvolveu o protótipo do ônibus e é fabricante dos coletivos da Volkswagen, o preço é mais alto do que o transporte atual. “O custo de aquisição será um pouco mais caro, mas o custo de operação será bem mais baixo. Ele se pagará em cerca de um ano. É um retorno do investimento muito rápido”, afirma.