Cartões-postais de todo o Brasil apresentarão roteiros por seus principais pontos turísticos durante a Copa do Mundo de 2014. Há quem diga que a melhor forma de se conhecer uma cidade é caminhar sem pressa por ela, apreciando cada convite feito pela história e pela beleza de ruas, praças e monumentos. Já pensou no que fazer em 1h de turismo a pé em cada cidade-sede?

Em Recife (PE), este passeio é extremamente saboroso: as cores da Rua do Bom Jesus se misturam aos sons de frevo e do maracatu, aos cheiros das comidas típicas e ao aspecto arquitetônico da cidade que nasceu no Brasil Colonial. Uma das opções é começar o desbravamento da cidade pela Praça do Marco Zero, que é o ponto inicial das estradas que cortam o estado. É no local que acontece a abertura do Carnaval do Recife, um dos mais populares e multiculturais do Brasil.

A praça, entre as ruas Marquês de Olinda, Rio Branco e Barbosa Lima, é um espetáculo à parte. Seu piso é decorado por uma das últimas obras do pintor Cícero Dias, chamado de “Rosa dos Ventos”, e abriga um busto do Barão do Rio Branco, escultura do francês Felix Charpeutier, colocada ali em 1938.

Da praça, é possível ver belas construções erguidas no fim do século XIX e início do século XX. Outra boa opção é o Parque das Esculturas, que exibe uma exposição permanente de 90 esculturas do artista plástico pernambucano Francisco Brennand. A obra principal, que pode ser vista do Marco Zero, é a Coluna de Cristal, confeccionada em argila e bronze, com 32 metros de altura e inspirada em uma flor descoberta por Burle Marx.

Seguindo pela Avenida Alfredo Lisboa, chegamos à Praça do Arsenal da Marinha, onde fica a Torre Malakoff. Construída entre 1835 e 1855, o monumento já foi um observatório astronômico e é hoje um espaço cultural e centro de manifestações populares.

Continuamos a caminhada pela Rua do Bom Jesus, a antiga “Rua dos Judeus”, onde foi construída a primeira sinagoga da América Latina, a Kahal Zur Israel. Com a restauração do bairro, as fachadas das antigas casas foram pintadas com cores vibrantes e o local se tornou um ponto de encontro com bares, restaurantes e uma agitada vida noturna. Vale dar uma paradinha e degustar uma tapioca ou um arrumadinho de charque. A rua também concentra, aos domingos, um descontraído polo de artesanato, onde várias barraquinhas tomam conta do espaço.

Pertinho da Rua do Bom Jesus, entre a Avenida Alfredo Lisboa e a Rua Barão Rodrigues Mendes, está o Museu a Céu Aberto. Seu acervo inclui estruturas e objetos arqueológicos formados por um trecho de muralha em pedra, que vem do período de dominação holandesa, no século XVII. Lá também está uma parte das bases do Arco do Bom Jesus e do dique de contenção do mar, em pedra, construído do século XIX.

Seguindo pela Avenida Rio Branco e acompanhando o Rio Capibaribe, chegamos até a Igreja da Madre de Deus. Danificada por um incêndio em 1971, a igreja foi restaurada e ainda é possível encontrar características originais em seu interior. Na mesma rua está o Paço Alfândega, um antigo prédio, construído em 1720, que abriga hoje diversas lojas. Lá, o turista pode encontrar artesanatos típicos do Nordeste, e ao entardecer, ver o maravilhoso pôr-do-sol e as primeiras luzes da cidade se acendendo.

Atravessando a ponte Maurício de Nassau, chegamos à Ilha de Santo Antônio. De lá, basta seguir pela direita em direção à Praça da República, um verdadeiro marco para a população local. Foi alco de execuções durante a Revolução Pernambucana, em 1817, e, hoje, é formada por três belos jardins, um centenário baobá e esculturas francesas em ferro.

No entorno da Praça da República estão os mais importantes edifícios da cidade: o Palácio do Campo das Princesas, o Teatro de Santa Isabel e o Palácio da Justiça. O palácio, que é a sede do governo estadual, foi denominado como “Campo das Princesas” durante a visita do Imperador Dom Pedro II, pois suas filhas brincavam nos arredores do jardim. Sua primeira construção ocorreu no século XVI, para servir como moradia do colonizador holandês Maurício de Nassau.

Seguindo em direção ao Teatro Santa Isabel, avistamos o casario da Rua Aurora e os rios Capibaribe e Beberibe se juntarem, indo de encontro ao mar. Encerramos a nossa caminhada no Recife Antigo observando a cena. Fica fácil então entender porque a cidade é chamada de “Veneza brasileira”.

ASCOM