Os campos rupestres são ecossistemas que se encontram em áreas de altitude acima de 900 m, no domínio do Cerrado e Mata Atlântica, e se caracterizam por áreas de afloramentos rochosos do tipo quartzo, com grande número de espécies animais e vegetais endêmicas, isto é, de ocorrência restrita a este ambiente, encontrados em porções do estado da BA, DF, ES, GO e MG.
Muitas plantas são típicas desse ambiente como as canelas-de-ema, família velloziaceae, sempre-vivas, família eriocaulaceae, muitas espécies de orquídeas, entre outras.
No intuito se obter maiores informações sobre diversidade de insetos, já que esses ambientes ainda são poucos estudados no Brasil, um grupo de pesquisadores da ULFA, UFV, UNIPAC e UFRS, Abner Elpino Campos, Natan R. Assis, Tássio Ladeira, Paulo Carvalho, coordenado pelo entomólogo Marcos Magalhães de Souza, realizaram um ano de estudos na Serra de São José, na histórica Tiradentes, MG.
Essa serra está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) São José, criada em 1990, com 5.000 ha, e abrange cinco municípios de MG, centro sul, na micro região Campos das Vertentes: Tiradentes, São João Del Rei, Santa Cruz de Minas, Prados e Coronel Xavier Chaves.
A Serra de São José compreende cerca de 41% da superfície da APA, com 12 km de extensão e em média 1,2 km de largura, altitude variando de 1130 a 950 metros, com predomínio de campos rupestres.
A Serra de São José é muito freqüentada pelos turistas que visitam Tiradentes, mas que constantemente sofre ação do fogo, e de exploração dos recursos vegetais de algumas famílias, como comprovado em um ano de trabalho na serra.
No ano de 2008, foram registradas 29 espécies de vespas sociais, populares marimbondos, com dois novos registros para MG, a maior diversidade em campo rupestre do Brasil, e o registro ao acaso de uma fauna espetacular de outros insetos, arachnídeos, anfíbios, répteis, aves e outros seres vivos.
Ressalta-se que outro trabalho realizado com vespas sociais no mesmo ambiente, o segundo estudo no Brasil, foi realizado em 2007, no Parque estadual de Ibitipoca, MG, pelo biólogo Mateus Clemente e pelo Prof. Dr. Fábio Prezoto, UFJF, identificando 19 espécies de vespídeos; e o primeiro na Bahia, em 2006, registrou 11 espécies, evidenciando que a fauna de insetos, entomofauna, em campo rupestre ainda é pouco conhecida, assim como em outros grupos animais.
A identificação dos vertebrados foi realizada pelo Prof. Dr. Renato Feio, da UFV, e a Profª. Rose, UFJF; Profª. Dra. Bernadete Souza e Marco Manhães, UFJF; os insetos pela Profª. Brígida Souza e Dr. Júlio Louzada, UFLA; a confirmação das espécies de vespas pelo Prof. Dr. Orlando T. Silveira, Museu Emílio Goeldi, PA; e o prof. Dr. Paulo Takeo Sano, USP, pela identificação das sempre-vivas.
Conservar a Serra de São José, patrimônio do povo de Tiradentes e do Brasil, depende do esforço conjunto de nós pesquisadores, mas, sobretudo do esforço e consciência de cada turista que visita a serra, e de cada morador do entorno, bem como do poder público, que garanta uma proteção e fiscalização efetiva, que garanta a proteção dessa flora endêmica e dessa fauna ainda pouco conhecida.
Revista Ecoturismo