Ministros do Meio Ambiente da Europa Ocidental acenaram com a possibilidade de a União Europeia aumentar de 20% para 30% a meta de redução dos gases-estufa até 2020 (abaixo dos níveis de 1990), ao final do encontro que reuniu líderes de 185 países em Bonn, na Alemanha. A comissária do Clima europeu, Connie Hedegaard, acredita que eles estejam falando sério, apesar da desconfiança do representante italiano no evento.

Apesar das críticas contra o esboço de texto apresentado na sexta-feira, 11 de junho, ao final da reunião da ONU sobre o clima em Bonn (Alemanha), alguns avanços foram registrados, como por exemplo a movimentação de alguns países europeus no intuito de que a União Europeia venha a sinalizar com cortes de 30% das emissões de gases-estufa até 2020 (abaixo dos níveis de 1990), em vez da proposta atual de redução, que traçou 20% para a próxima década.

O entusiasmo por uma proposta de cortes mais ambiciosa soou como surpresa em Bonn, uma vez que os ministros da Economia da França (Christine Lagarde) e da Alemanha (Rainer Brüderle) mostraram-se em maio deste ano contrários a redução mais profunda das emissões, sob a alegação de que a prioridade era “garantir a competitividade da indústria europeia”.

Por meio de um comunicado, o ministro francês do Meio Ambiente, Jean-Louis Borloo, afirmou que a França caminha para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) acima de 30% até 2020, levando-se em conto os níveis de 1990. Ele tambéu defendeu que a Europa como um todo deverá ter ambições maiores nesse sentido. “A França acredita que o trabalho deve ser acelerado para produzir um estudo detalhado das possíveis opções para iniciar uma trajetória que atingiria 30% o mais rapidamente possível”, destacou à Reuters.

Na mesma linha, o secretário britânico para o Clima e Energia, Chris Huhne, defendeu a viabilidade da ideia. “Acreditamos que um movimento de 30% é possível para as nossas economias, até porque a Europa encontra-se em uma recuperação econômica sustentável.”

Cautela
Quem não acompanhou tamanho otimismo foi o ministro do Meio Ambiente da Itália, Stefania Frestigiacomo, já que, segundo ele, as negociações dos demais ministros na Alemanha tornaram-se fora da realidade, além de não refletirem as posições dos países em âmbito nacional. Atualmente, a União Europeia planeja cortar 20% do CO2 até 2020, com a condição de aumentar este percentual para 30% caso as nações ao redor do mundo adotem medidas semelhantes.

Para a comissária do Clima europeu, Connie Hedegaard, os comunicados dos ministros Borloo (França) e Huhne (Reino Unido) refletem uma inclinação dos países voltada para metas mais ambiciosas contra o aquecimento global. “Seria um equívoco você pensar que ministros do Meio Ambiente falam por falar. É claro que o que eles dizem aqui reflete o ponto de vistas de seus governos”, argumentou.

Na opinião do ministro do Meio Ambiente da Suécia, Andreas Carlgren, a opção da União Europeia de condicionar um possível aumento de cortes de emissões às atitudes de outros países foi útil durante as negociações travadas em 2009, mas agora devem ser encaradas de outra forma. “Condicionar foi importante na preparação para Copenhague, mas não devemos desempenhar mais esse papel. Estamos preparados para atualizar o objetivo da União Europeia.”

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